Embora não o deseje, sei que me
esperas
numa qualquer praça do tempo, e
que ainda
conversaremos como dois amigos
que se reencontram
depois de uma viagem ou de uma longa
doença.
Mostrar-te-ei os meus versos, e tu
me contarás
cada uma das ficções com que
adornaste
a indiferença dos dias. Continuo
a acreditar na verdade
singular da poesia, e apenas
espero ver cumprir-se
o meu livro para que possa
entregar-me
ao silêncio definitivo de quem já fez
o que tinha a fazer. Gostaria que fosse
por uma manhã cálida de Novembro,
ao expirar
do Outono, com os salgueiros respirando
nas margens do rio a prosopopeia
dum choro.
1 comentário:
Tantos desejos contidos num não-desejo!
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