APROVEITANDO UMA ABERTA
Para António Nobre
“Ó virgens que passais ao sol-poente”
com esses filhos família,
pensai, primeiro, na mobília,
que é mais prudente.
com esses filhos família,
pensai, primeiro, na mobília,
que é mais prudente.
Sim, que essa qualidade,
tão bem reconstituída,
nem sempre, revirgens, há-de
proporcionar-vos a vida
tão bem reconstituída,
nem sempre, revirgens, há-de
proporcionar-vos a vida
que levais.
Se um tolo nunca vem só,
quando não vem, não vem mais
ou vem, digamos, por dó…
Se um tolo nunca vem só,
quando não vem, não vem mais
ou vem, digamos, por dó…
E o dó doi como um soco,
até mesmo quando parte
de um tolo que a vossa arte
promoveu de tolo a louco.
até mesmo quando parte
de um tolo que a vossa arte
promoveu de tolo a louco.
Eu quando digo mobília,
digo lar, digo família
e aquela espiada fresta,
aberta, patente, honesta,
digo lar, digo família
e aquela espiada fresta,
aberta, patente, honesta,
retrato oval da virtude,
consoladora do triste,
remanso, beatitude
para o colérico em riste.
consoladora do triste,
remanso, beatitude
para o colérico em riste.
Assim, sim, virgens sensatas!
(Nos telhados só as gatas…)
Pensai antes na mobília,
honestas mães de família,
E aceitai respeitos mil
do vosso
(Nos telhados só as gatas…)
Pensai antes na mobília,
honestas mães de família,
E aceitai respeitos mil
do vosso
Alexandre O’ Neill!
("Poemas com endereço", Lisboa, Livraria Morais Editora, 1962, pp. 32 e 33)
Poema datado, mesmo assim digno de ser lembrado neste dia de celebrações emancipadoras. Tenho o livrinho comigo, uma jóia sem preço.
1 comentário:
Felizmente, não me dei conta da internacional celebração, mas o poema é de génio. É caso para dizer: obrigada, Alexandre!(e a quem o traz à colação!)
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