domingo, novembro 28, 2021

DIÁRIO DE OUTONO (11)

 
Centro Cultural de Cascais, obras da colecção 
Norlinda e José Lima
ANA HATHERLY, Dream Time I, 
acrílico sobre tela 70x50 cm.

sexta-feira, novembro 12, 2021

DIÁRIO DE OUTONO (10)

Ontem, 11-11-2021, à procura de livros num alfarrabista da Calçada do Duque. Trouxe estes dois por bom preço. Entretanto, nos dez minutos que estive na loja entraram sucessivamente três turistas espanholas. Não lhes vi a cara, só lhes ouvi a voz. Veio a primeira e perguntou por livros em espanhol ou inglês; foi-lhe dito que não havia, só tinham em francês. Entrou a segunda e perguntou por Fernando Pessoa; não tinham. Veio a terceira e indagou sobre Paulo Coelho; também não havia. Quando fui pagar os meus livros, diz-me a senhora da loja: «Só faltou perguntarem pelo Saramago». Creio que também não tinham. Estas perguntas de turistas ao sol de Outono apontam para um conhecimento estereotipado da literatura de língua portuguesa, de facto só faltou perguntarem pelo autor de Memorial do Convento. Fica a saudável intenção destas espanholas que, com excepção da primeira, desejavam ler em português. Nada mais indicado, pois se estão em Portugal!

segunda-feira, novembro 08, 2021

DIÁRIO DE OUTONO (9)

Hoje, em meio de diversas tarefas, passei pela SNBA e no Salão Anual dos Sócios vi e fotografei este quadro de HELENA VANTACHE: Paisagens Interiores PC #25, acrílico s/ papel de cenário, 100x100 cm, 2021. O Salão apresenta trabalhos de qualidade variável. Este, em que uma sugestão de figurativo se insinua, é dos mais conseguidos do certame. Paisagem interior ou paisagem florestal hirta de gelo e sombra? Talvez as duas, mas isto são devaneios de crítico de arte sem carteira profissional. 

sábado, novembro 06, 2021

DIÁRIO DE OUTONO (8)

Este vinho de mesa, de preço ciclópico, está à venda num supermercado popular da minha cidade. Tirei a fotografia na semana passada, lembrando-me daquele episódio antigo:

«"Ó Ciclope, olha, bebe este vinho! Já que devoras carne humana, / então fica a saber como era a bebida que trazíamos na nossa nau. / Trazia-te este vinho como libação, esperando que te apiedasses / de mim e me mandasses para casa. Mas estás louco, insuportável! / Homem cruel! Como é que no futuro virão outros homens / aqui ter, visto que o teu procedimento vai para lá da medida?"
Assim falei. Ele pegou na taça e bebeu. Maravilhosamente se alegrou, / ao beber o vinho doce. E pediu logo par beber uma segunda vez.»
--- Odisseia, canto IX, 347-354.

Se tivesse de pagar este preço, certamente que o Ciclope não beberia.