sexta-feira, dezembro 12, 2014

A CASA


Às vezes penso que a Casa não existe; que a colina, o largo, as escadinhas que dão para as ruas de baixo e de cima não existem; que os livros, os quadros e o cinema são sonho sobre sonho, irrealidade. A Casa é, para mim, um apeadeiro de ilusões, a pintura inacabada, um poema a escrever, a amiga ou o amigo a quem se dá o braço.
Observo-lhe as traves altas, as janelas, as portas que se abrem para fora como nos desenhos das crianças, e o sonho tem vida. Para lá da ilusão, a Casa existe.
Na Casa já vi e senti muito:
Ler e ouvir ler.
As mantas com cheiro a cinema naquele espaço entre dois prédios, um rio de luz correndo na parede oblíqua.
O inconformismo.
          As cores da paleta.
Os afectos e as afinidades.
Na Casa somos maiores e não estamos sós.
 
Escrito para a CASA DA ACHADA, 11/12/2014