quarta-feira, abril 30, 2014
terça-feira, abril 29, 2014
EXPERIMENTALISMOS POÉTICOS, ANOS 60
aviso prévio: dai esmola aos pobrezinhos e conquistai o reino dos céus.
matar a fome dos pobrezinhos não por amor aos pobres mas por temor aos deuses.
domingo, abril 27, 2014
sábado, abril 26, 2014
EPISTOLÁRIO
Lisboa, 13
de Maio de 1963
Querido
paizinho
O meu maior
desejo, ao receber esta minha carta é que se encontre de completa saúde, que
nós bem felizmente.
Recebemos a
carta do pai que já esperavamos, e junto vimos as fotografias que nos enviava.
Gostamos imenso delas; parece que no dia da vossa excursão o dia não estava
muito bom. O pai, aparece numa fotografia completamente trajado à Inverno:
gabardine, chapéu, gola levantada. Olhe que nós por cá vamos à praia, e com
que calor. No domingo fui ao Estoril no habitual passeio da Igreja, e na praia
estava tanta gente como em pleno Verão.
Agora vou
falar-lhe do jogo de quarta-feira: Eu estava já feito à ideia de ter de escutar
o relato pelo rádio, pois o Benfica não havia aceitado as propostas da R.T.P.
para a transmissão directa do desafio. Assim, enquanto toda a Europa via na
Eurovisão o desafio, nós, portugueses, estavamos condenados a não o vermos.
Nestas
condições tudo se resignou a escutar o relato. Até se contavam anedotas, de
tipos que não conseguindo arranjar bilhetes, se iam deslocar a Madrid para ver
o desafio na televisão espanhola. A mãe e o Justino foram para a D. Eponina ver
a televisão e eu fiquei à espera do relato. Estava o desafio a começar entra o
Justino em casa a dizer que ia dar pela televisão.
Deixei
imediatamente tudo, e fui ter com a mãe a casa da D. Eponina. A questão tinha
sido resolvida naquele instante entre a direcção do Benfica e a R.T.P.
Gostei muito
do jogo. O Feynoord parecia uma equipa de principiantes, só no fim mostrou
algum do seu valor. Quanto à pancadaria que a polícia deu no fim, foi uma
autêntica vergonha. Toda a Europa a assistir aquilo. O Estado procedeu a um
inquérito sobre o caso, porque realmente aquilo foi vergonhoso, e não fica em
casa como outras vergonhas, aquela andou por toda a Europa a ser vista. Com o
que fez, a polícia não se elevou nada, pelo contrário apenas se diminuiu,
porque a invasão do campo já vem sendo
hábito pelos benfiquistas, não é um facto inédito.
Cá por
Lisboa, andavam holandezes em todo o sítio, e com que peneiras eles estavam.
Parece que
toda aquela invasão [dos holandeses em Lisboa ], era organizada por um jornal
chamado “Het Vrye Volk”, qualquer coisa que quer dizer “Povo Livre”.
Outra
anedota corrente, era que a organização da tal invasão teve que fretar, à
última hora, um outro navio para transportar as lágrimas.
Mas enfim,
tudo acabou, no dia imediato pela manhã, desfeito o sonho, os exércitos
holandezes puseram-se em debandada.
Ainda bem
que eles perderam, porque se ganhassem eram capazes de inchar tanto, que até
tomavam conta de nós.
À parte
isto, eles eram muito boas pessoas. Falavam com toda a gente (a muito custo) e
traziam sempre o emblema do Benfica.
O resto viu
o pai pela televisão.
Sem mais
beijos do
filho
P.S. Junto uma anedota do Mundo Desportivo.
P.S. Junto uma anedota do Mundo Desportivo.
terça-feira, abril 22, 2014
domingo, abril 20, 2014
UMA EXPOSIÇÃO EM LISBOA
IGREJA DE SANTA MARIA MADALENA – QUEM É O HOMEM DO SUDÁRIO?
“Havia um homem bom e justo, chamado José. Era membro do Conselho, mas não tinha aprovado a decisão nem a acção dos outros membros. Ele era de Arimateia, cidade da Judeia, e esperava a vinda do reino de Deus. José foi ter com Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus. Desceu o corpo da cruz, envolveu-o num lençol e colocou-o num túmulo escavado na rocha, onde ninguém ainda tinha sido sepultado.”
LUCAS, 23, 50-53.
quinta-feira, abril 17, 2014
CANCIONEIRO DE JOSÉ RAFAEL
Perdemo-nos
de nós como se o não soubéssemos,
logo agora que as cerejeiras estão em flor
e as tardes
flamejam de luz nos vitrais do tempo.
Falam-me de
ti muitos dos livros que leio,
alguns
filmes, palavras com que diariamente
me deito a
pensar no perfume de maçãs do teu corpo
naquela
noite em que nos vimos pela última vez.
Aceitemos as
coisas tal como são, não há hora
nem distância
que valham o pulsar dum poema.
Ainda bem termos
ficado por aí, entre o tudo
e o nada, no
esquecimento recíproco, seixos lívidos
sob o
tumulto do rio da vida, abraçados
a uma morte terna
e desejável,
única mãe de
que legitimamente renasceremos.
quarta-feira, abril 16, 2014
BLIMUNDA SETE-LUAS
Blimunda, painel de azulejos a partir de pintura de ROGÉRIO RIBEIRO (1930-2008). Está na fachada da casa lisboeta de Pilar e José Saramago. A lua e o sol por cima da cabeça e nas mãos o pão cerceador dos poderes: "Juro que nunca te olharei por dentro", disse ela a Baltasar. (Foto de 14/4/2014)
terça-feira, abril 15, 2014
POESIA PURA
Mandaram-me este poema no outro dia, com imagem e tudo:
Bastava que dissesses a palavra exacta,
que tens aprisionada na garganta,
Bastava que pendurasses
na porta do teu quarto um lenço branco.
Bastava que enfeitasses o chapéu
com as flores que o fim da tarde
põe sedentas da luz dos teus cabelos.
Bastava que me olhasses uma vez ainda....
Torquato da Luz
Fábrica de Escrita
(imagem: Scarlett Johansson)
que tens aprisionada na garganta,
Bastava que pendurasses
na porta do teu quarto um lenço branco.
Bastava que enfeitasses o chapéu
com as flores que o fim da tarde
põe sedentas da luz dos teus cabelos.
Bastava que me olhasses uma vez ainda....
Torquato da Luz
Fábrica de Escrita
(imagem: Scarlett Johansson)
quinta-feira, abril 03, 2014
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