sexta-feira, outubro 30, 2020

NA CIDADE

Em Lisboa, esquina da R. Horta Seca com a R. das Chagas, ali entre o Camões e a Bica.

= Fotos de 26-10-2020


quinta-feira, outubro 29, 2020

VINCENT, UMA RELAÇÃO INCOMPREENDIDA

 
Numa carta para Théo, expedida de Haia em Abril ou Maio de 1882, diz Vincent van Gogh: 
«Encontrei este Inverno uma mulher grávida, desprezada pelo homem de quem ia ter o filho.
Uma mulher grávida, que vagueava pelas ruas, tentando ganhar o seu pão da forma que calculas.
Contratei-a como modelo e trabalhei com ela todo o Inverno.
Eu não tinha forma de lhe pagar salário completo de modelo; paguei-lhe o equivalente da habitação e, graças a Deus, pude preservá-la, até hoje, assim como à criança, da fome e do frio, partilhando com ela o meu pão. Quando encontrei esta mulher, fiquei impressionado com o seu ar de sofrimento.
Proporcionei-lhe banhos e fortificantes, dentro das minhas posses. Acompanhei-a a Leyde, onde há uma maternidade; aí poderá dar à luz.» - Cartas de van Gogh a seu Irmão Théo, Lisboa, Editorial Aster, p. 167.
A mulher tinha o nome de Christien e era tratada pelo hipocorístico Sien. A criança referida era uma menina de cinco ou seis anos, sua filha, que a acompanhava. Van Gogh amou-a e pretendeu desposá-la ante a incompreensão e indignação do irmão. O desenho de título Sorrow, de que ela foi o modelo, tem inscrita a seguinte frase de Michelet, autor lido e admirado pelo pintor holandês: «Comment se fait il qu´il y ait sur la terre une femme seule - délaissée.»

terça-feira, outubro 27, 2020

VITOR AGUIAR E SILVA, Prémio Camões 2020

 
O autor de Teoria da Literatura, obra publicada em 1967 e sucessivamente reeditada, gostoso calhamaço que tem servido com o seu saber tantos estudantes. Não a tenho em meu poder, embora a consulte com frequência. Deixo aqui a foto do que está mais à mão: estes «novos ensaios camonianos», lidos há uns anos, não muitos, quando cismei e escrevi sobre a dimensão autobiográfica d´Os Lusíadas.

domingo, outubro 25, 2020

COMUNIDADES DE LEITORES

Estive hoje na comunidade de leitores da CASA DA ACHADA - CENTRO MÁRIO DIONÍSIO a discutir presencialmente o conto "Oír ese Río", de Luísa Costa Gomes. Publicado pela primeira vez na Literastur, Revista Literária das Astúrias, foi incluído em 2001 na colectânea Império do Amor, da editora Tinta Permanente.

Um grande conto que fala da amizade e do amor, e de como estes sentimentos se podem confundir e até reciprocamente se destruírem. Quem não passou já por isso? E não são coisas só da juventude, estendem-se por todas as idades entre os que não se dispõem a renunciar aos afectos. Tão verdadeiro e susceptível de acontecer! Aqui deixo o link no sítio da autora:

https://www.luisacostagomes.org/oir-ese-rio.html

Tenham uma boa leitura.

sexta-feira, outubro 23, 2020

O ÊXITO TEM OS SEUS CAPRICHOS

A frase é de Mário Dionísio no incipt  da sua conferência de 1951 de título "O Drama de Vicente van Gogh". E faz-nos lembrar, para além da obra do pintor holandês, a recepção problemática do quadro As Banhistas, de Gustave Courbet (1819-1877), apresentado no Salão de Paris de 1853.

Diz Mário Dionísio: «As Banhistas de Courbet , que é um dos padrões que muitas pessoas hoje invocam para repelirem a arte moderna, foram acolhidas com mordentes ironias pela imperatriz Eugénia e com autênticas chicotadas na tela - chicotadas de chicote! - de Napoleão III.» Passaram 70 anos sobre a conferência de Mário Dionisío, algo mudou no quadro da relação entre o público e a arte, mas não tanto como possa parecer. «Porque quem não sabe arte, não na estima», diz Camões n´Os Lusíadas, canto V, estrofe 97.


quinta-feira, outubro 22, 2020

PINACOTECA

JEAN ANTOINE WATTEAU (1684-1721), O Banho de Diana (1715), óleo sobre tela, Museu do Louvre.

Nas Metamorfoses, de Ovídio, Diana é surpreendida no banho pelo caçador Acteão. Ciosa que era da sua castidade, a deusa da lua e da caça transforma-o num veado. Antes, dissera-lhe: «Agora, poderás contar que me viste despojada de roupas – se conseguires falar…» (Livro III, 173-198, Livros Cotovia, tradução de Paulo Farmhouse Alberto.)


segunda-feira, outubro 19, 2020

É FARTAR, VILANAGEM!


A ministra foi chamada ao PR, a telescola avança, os pais temem o regresso às aulas dos alunos infectados, o perigo dos assintomáticos, as escolas pedem esclarecimentos... E assim se passaram 35 minutos do Primeiro Jornal da SIC. Só depois falaram da Bárbara e dos radicais islâmicos. Mas voltaram ao confinamento no País de Gales, ao recolher obrigatório em França, aos funerais na Bélgica e à proibição de ajuntamentos na Áustria, ia já o jornal nos 46 minutos. Aos 48 apareceu o Trump sem máscara a quem o vírus não faz mossa. Às 14:00, a seguir ao intervalo, a saga do corona vírus no mundo continua (Brasil, Israel, Mesquita de Meca). E volta a aparecer a ministra da saúde a sair do encontro com o PR. Às 14:04, os pais explicam às criancinhas o que é a COVID 19. Depois, problemas na apanha da castanha em Valpaços causados pela pandemia. Finalmente, anunciaram a notícia do Benfica isolado no comando do campeonato com cinco pontos de avanço. Eram 14:10, não deu para esperar.

... BÁRBARA

 

Pretidão de Amor,
Tão doce a figura,
Que a neve lhe jura
Que trocara a cor.
Leda mansidão,
Que o siso acompanha;
Bem parece estranha,
Mas bárbara não.

LUIZ DE CAMÕES


domingo, outubro 18, 2020

DELÍRIOS ONÍRICOS

Esta noite sonhei com Clawdia Chauchat. Vi-a em trajo de dormir com aqueles seios pequeninos e as pernas finas, mas bem torneadas, sob transparências de tule e rendas. Estava melhorzinha dos pulmões e deu-me um lápis para a desenhar. A mim, que não tenho jeito para o desenho… Acordei a arfar, até parecia um paciente do sanatório da montanha mágica. Fico à espera de um próximo sonho. Pelo sim, pelo não, espero não falar. É conveniente


sábado, outubro 17, 2020

ESTADO DE EMERGÊNCIA...

 ... ou RECOLHER OBRIGATÓRIO, ou...

Um grito abafado pelo pano da máscara, sem aplicação STAYAWAY que lhe valha...
 

sexta-feira, outubro 16, 2020

LEITURAS

Há algum tempo que ando para pegar a sério (à séria, segundo uma amiga de Cascais) nestes cantos de Isidore Lucien Ducasse (Montevideu, 1846 - Paris, 1870), mais conhecido pelo pseudónimo Conde de Lautréamont. Do que merecer, aqui darei a devida ou indevida conta.

Não esquecer que para este autor o belo pode nascer do encontro numa mesa operatória de uma máquina de costura e de um guarda-chuva. Estranho? Talvez não. 

quinta-feira, outubro 15, 2020

A JUSANTE DA COVID

Uma coisa que me chateia é ouvir falar de 2ª vaga. A vaga é a mesma, a diferença é que em Março e Abril estávamos todos mais ou menos arrecadados e agora, graças a Deus, andamos à solta. Por falar em vagas, saibam que a que mais me interessa é a nouvelle vague do cinema francês – porque me vêm à memória, quando nela penso, imagens de Brigitte Bardot, Anna Karina, Jean Seberg e outras musas do Olimpo moderno.

Quanto a essa aplicação barata que querem obrigar-me a descarregar para o telelé, aqui declaro que não o farei. Como posso acreditar na utilidade de uma aplicação que não foi competente para avisar o Dr. Rio da perigosa presença, à sua beira, do infectado António Lobo Xavier?

E sobre o uso de máscara na via pública, também não me apanham nessa. Continuarei a andar de cara limpa, salvo quando me veja no aperto do Chiado ou do Passeio Marítimo do Isaltino, precaução que já venho tomando há algum tempo.

Entretanto, espero que a Assembleia da República mande às urtigas as propostas de lei concernentes.


quarta-feira, outubro 14, 2020

OUTONO DAS CORES

Frondes em flor ao sol declinante. No Campo das Cebolas, Lisboa, actualmente Largo José Saramago. Foto de 12-10-2020.

domingo, outubro 11, 2020

"VENISE N´EST PAS EN ITALIE" (2019), DE IVAN CALBÉRAC

Ai o amor... Uma comédia que é bem capaz de deixar lugar para uma pequena lágrima. Lindo!

= FESTA DO CINEMA FRANCÊS, Cinema São Jorge, Lisboa. Vi neste sábado, volta a passar na próxima quinta-feira, dia 15 de Outubro, às 17 horas.

sábado, outubro 10, 2020

EXPOSIÇÕES


Gessos (mas não só) como moldes e obras acabadas. As possibilidades múltiplas da técnica do molde (escultura infinita). A obra inacabada. A máscara funerária ou último retrato. E saber que de tudo isto há sempre um vão luminoso sobre as árvores do jardim com os seus regatos e lagos sombreados de pássaros.  A entrada é livre, o pensamento é livre, melhor que ficar em casa, os olhos turvos da radiação dos ecrãs. Ou das pantalhas, castelhanismo estupendo!    
= Fotos de 8-10-2020.

quinta-feira, outubro 08, 2020

PINACOTECA

SOFIA AREAL (Lisboa,1960), da exposição Dança de Roda. Fotografado em Agosto na galeria da Casa da Cultura de Setúbal. 

quarta-feira, outubro 07, 2020

O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS (2020), DE JOÃO BOTELHO

Vi hoje no cinema Ideal. Seria difícil a João Botelho entrar na alma do livro. Como intertexto, o filme é obra razoavelmente conseguida, apesar de algumas anomalias de casting: Chico Diaz, no papel de Ricardo Reis, é um actor quinze anos mais velho do que a personagem interpretada; Luís Lima Barreto, por sua vez, surge demasiado carnal para a condição fantasmática de Fernando Pessoa. Bem, muito bem, Catarina Wallenstein a quem parcialmente se aplica o que no livro é dito a respeito de Lídia: «mulher feita e bem feita, morena portuguesa, mais para o baixo que para o alto».

A força do filme está nas vertentes amorosa e política do romance. Em termos literários, mas com peso menor, há os diálogos entre Fernando Pessoa e Ricardo Reis: o desdobramento do eu, o fingimento poético e o classicismo do médico-poeta autor de odes sáficas e alcaicas.

Assiste-se à transformação política de Ricardo Reis. O estoico-epicurista que escrevera «sábio é o que se contenta com o espectáculo do mundo», o monárquico sem rei indiferente à opressão e à guerra como os jogadores de xadrez do seu poema («Tudo o que é sério pouco nos importe»), indigna-se com a prepotência da polícia política que o interroga e a violência do comício fascista de que se retira.

Esta nova atitude perante o “espectáculo do mundo” (crescimento do nazismo e do fascismo na Europa, triunfo do franquismo em Espanha), é discordante com o seu conservadorismo moral e de classe (indecisão sobre o perfilhamento do filho seu e de Lídia e o juízo da inconveniência de um casamento com uma mulher do povo).

Tentarei voltar ao filme para fixar alguns aspectos que me poderão ter escapado.


terça-feira, outubro 06, 2020

NA MOITA

SOCIEDADE FILARMÓNICA ESTRELA MOITENSE, hoje mais dada a outras actividades associativas, como fitness, ioga, capoeira e zumba – essas coisas da moda. 

E Tudo o Vento Levou, com Clark Gable e Vivien Leigh. Lá está o quadro mural, numa parede do edifício, como tributo ao tempo em que a grande arte do cinema estava por cima. Gostei de ver.

= Na Moita, fotos de hoje, 6-10-2020.


segunda-feira, outubro 05, 2020

JUSTICEIRO SOLITÁRIO (1985), DE CLINT EASTWOOD


Fez-se passar por pregador (Clint Eastwood) junto de uma comunidade de garimpeiros ameaçados por uma grande empresa que queria tomar as suas concessões de exploração. Defendeu-os e afinal não era pregador, mas um temível pistoleiro que desancou forte e feio os maus da fita. Houve duas mulheres que se apaixonaram por ele, mãe e filha (Sydney Penny), mas não ficou com nenhuma. Destruiu à bomba as instalações da empresa opressora e deu cabo um a um dos pistoleiros contratados para o matar. Depois, foi à sua vida. Justiceiro solitário, assim mesmo, defendendo as pequenas empresas familiares do iníquo polvo capitalista. A América deste tempo era uma grande nação!  

= Acabei de ver na FoxMovies. Gostei.


domingo, outubro 04, 2020

MUNDO, DEMÓNIO E CARNE. O ABISMO

Capa de Julio para a edição princeps de Poemas de Deus e do Diabo (Coimbra, 1925). Mundo, Demónio e Carne, a tríade inimiga da alma, sob o Olho da Providência. Epígrafe da Obra: «Neste abismo é que tu me fazes conhecer a mim mesmo.» (Imitação de Cristo). O segundo livro de poemas de Régio, Biografia (Coimbra, 1929), terá como epígrafe uma frase de Nietzsche: «Quando se ama o abismo, é preciso ter asas.»

sábado, outubro 03, 2020

BARCOS EM TERRA

                         

"Desassossego" é o nome deste barco avieiro estacionado em Alhandra à espera de maré favorável. É bonito nas suas cores verde e branca, símbolos da esperança e da pureza. E, vejam com atenção, o nome está mesmo bem posto. Ao mestre e à tripulação os meus votos de boa pescaria, especialmente quando saírem para o "mar" no próximo dia 18.

 = Foto de 2-10-2020=

quinta-feira, outubro 01, 2020

ACONTECEU NO OESTE (1968), DE SERGIO LEONE

A FoxMovies fechou as coboiadas de Setembro com este clássico de Sergio Leone. Claudia Cardinale, pois então, e os monstros Henry Fonda, Charles Bronson e Janson Robards. Filme estreado em Portugal a 31 de Março de 1970. Planos magníficos, uma história que não se sabe toda de uma vez, 2 horas e 45 minutos de puro cinema.