... BRINCADEIRA DE HALLOWEEN OU FANTASIA ALQUÍMICA?
quinta-feira, outubro 31, 2013
terça-feira, outubro 29, 2013
O PLUMITIVO E A SUA FAINA
“Ocorre-me”, replicou
Watson, “o risco que corriam os amantes de outros tempos quando trocavam cartas
entre si. Veja-se a Luiza de O Primo
Bazilio ou o episódio da carta perdida em A Princesa de Clèves. Mas hoje, os riscos são maiores. A agilidade
e rapidez da comunicação favorecem a descoberta do segredo.”
Depois
de assim ter falado, não sem alguma estupefacção de Silvério Hermes pelas
referências literárias introduzidas no discurso, a figura de Watson desapareceu
por uns instantes atrás da nuvem de fumo do seu cachimbo.
segunda-feira, outubro 28, 2013
RESULTADO DE UM DOMINGO MAIS VIVIDO
QUE CONVIVIDO, estas fotografias ilustram uma atracção pelos comboios e as estações
ferroviárias, locais de chegadas e, tantas vezes, de partidas sem retorno.
Lembro-me sempre de Antonio Muñoz
Molina e do seu livro Sefarad: “É num
comboio que um homem relata a outro a história que conta Tolstoi na Sonata Kreutzer”, ou, referindo-se a
Primo Levi, o terror que sentia o escritor, pouco antes de morrer, perante “os
vagões de carga selados que às vezes via nas linhas abandonadas das estações.”
Durante cinco dias, em Fevereiro de 1944, Primo Levi viajou de comboio para o campo de morte de
Auschwitz. Sobreviveu.
Interessante é a referência à estação
ferroviária de Gmünd, na fronteira da Checoslováquia com a Áustria. Nesta
estação, “Franz Kafka e Milena Jevenska encontravam-se clandestinos no
intervalo de tempo dos horários dos comboios, na exasperante brevidade das
horas que se esgotavam enquanto se viam, enquanto subiam para um quarto inóspito
do hotel da estação, onde o andamento próximo dos comboios fazia vibrar os
vidros da janela.”
terça-feira, outubro 22, 2013
terça-feira, outubro 15, 2013
CARTA DE FERNANDO PESSOA "ÀS SUAS DISCÍPULAS"
“Minhas queridas discipulas, desejo-lhes, com um fiel cumprimento dos meus conselhos, inummeras e desdobradas volupias com o animal macho a que Egreja ou o Estado as tiver atado pelo ventre e pelo appelido.
É fincando os pés no solo que a ave desprende o vôo. Que estas imagens, minhas filhas, vos seja a perpetua lembrança do unico mandamento spiritual.
Ser uma cocotte, cheia de todos os modos de vicios, sem trahir o marido, nem sequer com um olhar – a volupia é isto, se souberdes conseguil-o....
Ser cocotte para dentro, trahir o marido para dentro, stal-o trahindo nos abraços que lhes daes, não ser para elle o sentido do beijo que lhes daes –oh mulheres superiores, ó minhas mysteriosas Cerebraes – a volupia é isso.
Porque não aconselho eu isto aos homens tambem?... Porque o Homem é outra especie de ente. Se é inferior, recomendo-lhe que use de quantas mulheres puder: faça isso e sirva-se do seu desprezo quando [ ]. E o homem superior não tem necessidade de nenhuma mulher. Não precisa da posse sexual para a sua volupia. Ora a mulher, mesmo a superior, não aceita isto: a mulher é essencialmente sexual.”
FERNANDO PESSOA, “Correspondência Inédita”
Organização de MANUELA PARREIRA DA SILVA,
Lisboa, Livros Horizonte, 1996, pp. 198-199.
É fincando os pés no solo que a ave desprende o vôo. Que estas imagens, minhas filhas, vos seja a perpetua lembrança do unico mandamento spiritual.
Ser uma cocotte, cheia de todos os modos de vicios, sem trahir o marido, nem sequer com um olhar – a volupia é isto, se souberdes conseguil-o....
Ser cocotte para dentro, trahir o marido para dentro, stal-o trahindo nos abraços que lhes daes, não ser para elle o sentido do beijo que lhes daes –oh mulheres superiores, ó minhas mysteriosas Cerebraes – a volupia é isso.
Porque não aconselho eu isto aos homens tambem?... Porque o Homem é outra especie de ente. Se é inferior, recomendo-lhe que use de quantas mulheres puder: faça isso e sirva-se do seu desprezo quando [ ]. E o homem superior não tem necessidade de nenhuma mulher. Não precisa da posse sexual para a sua volupia. Ora a mulher, mesmo a superior, não aceita isto: a mulher é essencialmente sexual.”
FERNANDO PESSOA, “Correspondência Inédita”
Organização de MANUELA PARREIRA DA SILVA,
Lisboa, Livros Horizonte, 1996, pp. 198-199.
segunda-feira, outubro 14, 2013
O PLUMITIVO E A SUA FAINA
Silvério Hermes voltou-se na cadeira, que nem giratória era, para o lado da janela de onde a noite crescia. Depois olhou uma das gravuras das paredes e como que se imaginou a sair de Baker Street a caminho de Hyde Park. Precisava destes alheamentos, destes momentos regeneradores de evasão e sonho para poder aceder a novos e mais exigentes patamares do seu raciocínio analítico.
sábado, outubro 12, 2013
sexta-feira, outubro 11, 2013
D. MANUEL FELÍCIO: "OS BANCOS E OS RICOS QUE PAGUEM A CRISE"
A última coisa que verdadeiramente me impressionou foi a
queda de Bizâncio – ouvi ontem da boca de um alto espírito. Respeito e
aceito, mas básico e linear como sou, ainda me deixo prender por simples declarações
como esta, do senhor Bispo da Guarda.
Por amor de Deus Nosso Senhor, tenham em conta o dever
patriótico de não assustar os mercados!
quinta-feira, outubro 10, 2013
DAQUI A POUCO...
PEDRO MEXIA no blogue O MALPARADO:
(transcrito do jornal "metro" de ontem)
Efectivamente...
(transcrito do jornal "metro" de ontem)
"É possível que o Nobel da Literatura (...) vá para um dos 'nobelizáveis' do costume, autores que conheço mal como Kadare, Oz, Nooteboom ou Bei Dao; ou de quem não gosto especialmente, como Adonis e Murakami; ou que não faço ideia quem sejam.
Quanto aos meus favoritos, escolheria (...) Alice Munro ou Javier Marias. E qualquer dos norte-americanos (...) a começar por Roth."
Efectivamente...
quarta-feira, outubro 09, 2013
PIO BAROJA (San Sebastian, 1872 - Madrid, 1956)
Homenagem a PIO BAROJA, escritor
modernista espanhol sobre quem JOÃO GASPAR SIMÕES escreveu nos
três primeiros números da revista presença:
10 de Março, 28 de Março e 8 de Abril de 1927.
Fotografia tirada na cidade de Irun,
Ensanche Plaza, em 21 de Agosto de 2013.
No chão, dispostas em círculo, as
seguintes palavras: La ciudad de Irun en
homenaje y recuerdo al gran novelista Pio Baroja (1872-1956) en el centenário de
su fallecimiento. Irun, 30 de Octubre de 2006.
terça-feira, outubro 08, 2013
domingo, outubro 06, 2013
"O RETRATO DE DORIAN GRAY"
Um livro que é um romance e uma arte poética. As relações entre pintura e literatura, a condição do artista e a criação do belo. Parte final do prefácio autógrafo: «Podemos perdoar a um homem que faça alguma coisa útil, contanto que a não admire. A única justificação para uma coisa inútil é que ela seja profundamente admirada. Toda a arte é completamente inútil.»
sexta-feira, outubro 04, 2013
terça-feira, outubro 01, 2013
SEBASTIÃO DA GAMA (1924-1952)
Sebastião da Gama (esquerda), com José Régio e Cristovam Pavia
ODE A UM AMIGO
(Ao Manel e ao Eurico)
Faltava-lhe a morte
para ser completo.
A taça estava cheia.
Faltava-lhe a pétala
da rosa
para transbordar.
A taça estava cheia
de amor e de esperança
e de mocidade.
A pétala caiu.
Transbordou a taça.
Mais pobre só o Mundo.
Completo, só ele,
que morreu sereno
como quem o sabe.
SEBASTIÃO DA GAMA, Cabo da Boa Esperança
Subscrever:
Mensagens (Atom)