terça-feira, agosto 25, 2020

JOÃO BENSAÚDE, POETA MENOR

Autógrafo de José Régio oferecido a Maria Aliete Galhoz com poema e desenho relativos ao seu "heterónimo" João Bensaúde. Publicado no nº1, de Dezembro de 1997, da revista Estudos Regianos, Vila do Conde. O poema está incluído, com pequenas alterações, no livro póstumo Colheita da Tarde (1971), organizado por Alberto de Serpa. 

domingo, agosto 23, 2020

sábado, agosto 22, 2020

PINACOTECA

VENTURA PORFÍRIO (Castelo de Vide, 1908 - Portalegre, 1998), Poeta de Deus e do Diabo (1958), óleo sobre tela 138,5 x 108 cm. Casa-Museu José Régio, Portalegre.

sexta-feira, agosto 21, 2020

"DJANGO", filme velhinho

Vi ao fim da tarde de ontem num canal de televisão. Não me perguntem qual, pois não me lembro. Spaghetti western de 1966. Conta uma história de vingança contra tenebrosos racistas da América sulista com uma horda de revolucionários mexicanos a fazer das suas e uma triste cidade fantasma esmagada sob o poder dos criminosos tipo Klan. Agora que se fala tanto de racismo, veio mesmo a calhar. Há quem não acredite em racismo, mas lá que o há, há. Na história do filme, havia mesmo. Muito marcantes aquelas cenas dos prisioneiros mexicanos a quem mandavam fugir em correria louca para mais atrás ou mais à frente serem abatidos pelos seus algozes. Tudo se compôs com a ajuda dos esquisitos revolucionários mexicanos e de uma poderosa metralhadora que o herói (Franco Nero) transportava dentro de um caixão. Bem bom, até me consolei. 

quinta-feira, agosto 20, 2020

OBSERVANDO...

Palmela e Parque Natural da Arrábida, 19-8-2020
«Observa 197 aves, 445 escaravelhos, 17 répteis, 106 aranhas, 61 borboletas» e...

terça-feira, agosto 18, 2020

AMIEL E PESSOA


«Uma paisagem é um estado de alma» – frase muito conhecida do diário de Amiel, datada de Lancy, Suiça, 31 de Outubro de 1852. «Passeio de meia hora pelo jardim, sob uma chuva miudinha.– Paisagem de Outono. Céu coberto de cinzento e enrugado em tons diversos, nevoeiros arrastando-se sobre as montanhas que fecham o horizonte; natureza melancólica; as folhas a caírem por todos os lados como as últimas ilusões da mocidade sob o pranto de mágoas incuráveis.» O semi-heterónimo pessoano Bernardo Soares diz no Livro do Desassossego que «a frase [de Amiel] é uma felicidade frouxa de sonhador débil», acrescentando: «Desde que a paisagem é paisagem, deixa de ser um estado de alma. Objectivar é criar, e ninguém diz que um poema feito é um estado de estar pensando em fazê-lo. Ver é talvez sonhar, mas se lhe chamamos ver em vez de lhe chamarmos sonhar, é que distinguimos sonhar de ver.» Falando Soares é como se falasse Pessoa, pois como este disse na célebre carta a Adolfo Casais Monteiro, não sendo a personalidade de Bernardo Soares a sua, não era diferente dela, mas uma simples mutilação: «Sou eu menos o raciocínio e a afectividade.» Entre o professor de Genebra e o ajudante de guarda-livros dum ignorado escritório da Rua dos Douradores ou, melhor dizendo, correspondente de línguas estrangeiras em vários escritórios de Lisboa, vai a distância entre a exaltação das emoções do eu e a despersonalização modernista. Ou, pensando nas duas obras, a diferença que há entre um diário íntimo e uma “autobiografia sem factos”.

segunda-feira, agosto 17, 2020

FANTASIAS NA MADRUGADA

SJ

FESTA DO AVANTE!

A imagem do cartaz é quase bucólica. Umas poucas pessoas sentadas tranquilamente sob os pinheiros, comendo e conversando, como se estivessem num parque de merendas em pleno campo. A Festa não é isto, logo, o cartaz é um engano, um artifício para iludir os censores.
Em outros tempos, a imprensa neo-realista inventou a palavra diamática para se referir a “materialismo dialéctico”. E usava a perífrase “um grande pensador do século XIX” quando queria citar Karl Marx. Eram artifícios para contrariar a lei da mordaça. De certa maneira, o cartaz da Festa cumpre desígnios paralelos.
A Quinta da Atalaia e a do Cabo da Marinha perfazem 30 hectares, área correspondente a 30 campos de futebol, desses que levam 50 000 espectadores. Sendo esperados até 33 000 visitantes por dia, temos cerca de 9 m2 por pessoa. Parece seguro, se não se tiver em conta que os visitantes não se distribuem de modo regular por todo o espaço, mas antes se concentram nos locais dos eventos, nas tendas de comes e bebes, nos pavilhões, no comício, etc. Como o cartaz, esta engenharia de números é um artifício.
Então seria melhor não se fazer a Festa, aceitando como bom o coro de políticos e comentadores que vai nesse sentido? Julgo que não. Precisamos de descartar o conformismo e ir dando pontapés no medo. Como disse Jerónimo de Sousa, a Festa faz-se para dar «um sinal de esperança e de convivência em segurança». É claro que também há os objectivos financeiros, é escusado negá-lo, mas o que gostaria de reter é esta ideia de um sinal de esperança.
Que ele seja visível e a segurança não falte. Por mim, até sou capaz de ir este ano à Festa do Avante!.      
     

sábado, agosto 15, 2020

AGOSTO EM FLOR

Passeio ribeirinho Alhandra - Vila Franca de Xira, manhã cedo de 15-8-2020

Saudoso já deste Verão que vejo,
Lágrimas para as flores dele emprego
        Na lembrança invertida
        De quando hei-de perdê-las.
Transpostos os portais irreparáveis
De cada ano, me antecipo a sombra
        Em que hei-de errar, sem flores,
        No abismo rumoroso.
E colho a rosa porque a sorte manda.
Marcenda, guardo-a; murche-se comigo
        Antes que com a curva
        Diurna da ampla terra.

RICARDO REIS, Odes

quinta-feira, agosto 13, 2020

GRANDE PLANO

VIRGINIA CHERRILL em Luzes da Cidade (1931), de Charles Chaplin, no papel de uma florista cega por quem se apaixona um vagabundo bondoso (o próprio Chaplin). Estreado em Portugal a 3 de Maio de 1932.

quarta-feira, agosto 12, 2020

"HUMILHADOS E OFENDIDOS"

Leitura dos tempos da juventude, volto neste Agosto a Humilhados e Ofendidos, de Dostoievski, romance de 1861.
Terminada a leitura do Capítulo X, percebe-se a densidade psicológica com que são desenhadas as personagens do romance: a perseguição do príncipe Piotr Valkovski a Nikolai Ikhmeniov, a tríade amorosa composta por Natacha, Vania e Aliocha.
Lembrei-me do artigo de João Gaspar Simões no nº 6 da revista presença, de Julho de 1927, com o título “Depois de Dostoievski”. Diz o crítico: «(…) o que mais peculiariza uma novela é o fundo – o subsolo humano em que assenta a sua engrenagem cosmológica.» Contra a valorização do estilo, ou da forma, pelos romancistas franceses do século XIX, Gaspar Simões criticava neles «a concepção do homem uno, típico, consequente», por as personagens reagirem «sempre de modo idêntico, sem uma contradição por onde se manifestasse a sua natureza verdadeiramente humana.» Isto é o que não há em Dostoievski, e por isso as personagens criadas são tão ricas e surpreendentes.

domingo, agosto 09, 2020

AGOSTO AZUL

Palmela, 8-8-2020.
Os Paços do Concelho, edifício seiscentista, e ao fundo a torre de menagem do castelo onde esteve encerrado e morreu (1484) D. Garcia de Meneses, bispo de Évora, também humanista e militar. Curiosa personalidade de muitos atributos. O mal dele foi ter participado na conspiração do Duque de Viseu contra D. João II.

terça-feira, agosto 04, 2020

FICÇÕES DO INTERLÚDIO*

Da sombra da árvore, vê-se a calçada e a relva do jardim, o muro que deve ter sido branco e agora é branco sujo, a geometria dos edifícios, a agulha da torre apontada ao céu. Descrever para quê? O lugar do poema é entre o que se vê e o que não se vê, entre o real e o símbolo, entre o sonhado e o vivido. No interlúdio de nós é que tudo acontece.

* O título "Ficções do Interlúdio" pertence a F. Pessoa.

= Foto de 3-8-2020 =


domingo, agosto 02, 2020

AGOSTO AZUL


Neste Verão, o CCB está de praças e jardins abertos para espectáculos de cinema, música e outros eventos. Alguns são de entrada livre, outros têm um preço simbólico. Programa:
Numa altura em que a cultura ainda não deixou o reino cavernoso das plataformas digitais, este é um bom exemplo. Na quinta-feira passada, pude assistir à sessão "Modos de Ler", no Jardim das Oliveiras, com animação de Helena Vasconcelos e participação de mais de 30 leitores. Acho que ninguém apanhou o vírus...