Hoje. O melhor das viagens é a memória que delas guardamos
quinta-feira, janeiro 30, 2014
quarta-feira, janeiro 29, 2014
segunda-feira, janeiro 27, 2014
FRAGMENTO DE UMA PÁGINA DE DIÁRIO
Ela tinha no corpo um cheiro a maçãs,
e ele pensou que era do gel de banho ou de algum perfume raro, desses que não
se vendem nas lojas populares dos centros comerciais.
Nada percebia de geles de banho, nada
percebia de perfumes.
Só entendeu quando ela lhe mostrou as
árvores do seu jardim: os pomos rescendiam nas frondes, já a manhã se anunciava
sob o pontilhismo de estrelas cada vez mais pálido.
terça-feira, janeiro 21, 2014
CASA DA ACHADA - CENTRO MÁRIO DIONÍSIO
Ontem, na CASA DA ACHADA, antes da sessão sobre Picasso –
leitura do duplo quadro A Guerra e a Paz (1952),
feita por Eduarda Dionísio a partir de O
Amor da Pintura, de Claude Roy – calhou fotografar estes trabalhos de MÁRIO
DIONÍSIO ali expostos.
Duas passagens da Introdução ao Catálogo da Exposição na
Galeria Nasoni (1968):
“A pintura seria o paraíso se não fosse a consciência das
nossas limitações. Consciência e criação não se querem muito juntas. Mas, mesmo
assim, bendita seja ela, essa consciência.”
Quem cedeu alguma vez ao apelo da fala sem palavras que a
pintura é, há-de entender-me, espero.”
MÁRIO DIONÍSIO
Pescador. Óleo s/ tela, 67 x 51,5, s.d.
Mulher à mesa. Óleo s/ tela, 64 x 49, 1951
Rapariga na rua. Óleo s/ serapilheira, 65 x 52, 1944
sexta-feira, janeiro 17, 2014
terça-feira, janeiro 14, 2014
GOUVARINHAR
Um verbo picante e sensual que lembra camas desfeitas e frestas de luz em alcovas de sombra. É incrível como ainda não entrou nos dicionários!
Eça, no capítulo V de Os Maias, põe na boca de Ega o seguinte convite a Carlos, o herói (ou anti-herói) do romance:
“Eles [os Gouvarinho] desejam conhecer-te, sobretudo a condessa faz empenho… Gente inteligente, passa-se lá bem… Então decidido! Terça-feira vou-te buscar ao Ramalhete e vamo-nos «gouvarinhar». A condessa de Gouvarinho era “uma senhora inglesada, de cabelo cor de cenoura, muito bem feita (…)” e Carlos “achava-a picante, com os seus cabelos crespos e ruivos, o narizinho petulante e os olhos escuros, de um grande brilho (…)”.
Sabemos o resultado que a coisa deu: Carlos «gouvarinhou» até se fartar, e o pior foi a sova que a senhora levou do marido, um político influente e poderoso, com tanto de vaidoso como de ignorante.
Um verbo de conjugação gostosa: tu gouvarinhas, ele gouvarinha, vós gouvarinhais…
Eliane Giardini como condessa de Gouvarinho na minissérie Os Maias (2001), Rede Globo, Brasil
sábado, janeiro 11, 2014
terça-feira, janeiro 07, 2014
À VOLTA DISTO
Crioulos e
crioulidade, as teses luso-tropicalistas de Gilberto Freyre na colectânea de
ensaios Luanda, «ilha» crioula, do
angolano M. António; uma novela (ou noveleta) do século XIX, Nga
Muturi, do português Alfredo
Troni (1845-1904); A Conjura, de José
Eduardo Agualusa, e mais uns quantos textos. Coisas de pouca importância se
comparadas com a chegada de mais um dia.
sábado, janeiro 04, 2014
quarta-feira, janeiro 01, 2014
2014
SCARLETT JOHANSSON confessou em 2009 que
prefere festejar a passagem de ano em casa, vestida de pijama e deitada no sofá,
com uma fatia de pizza e champanhe, vendo um programa de televisão. “Andar de
uma festa para outra, de uma discoteca para outra, para depois das doze
meter-me num táxi no meio da cidade, não é para mim”, disse. Rapariga ajuizada,
é por isso que eu e Woody Allen gostamos tanto dela.
Não sei se depois destes anos se mantém
fiel a tão singelas disposições. Espero bem que sim, porque da minha parte é o que costumo fazer. Com duas diferenças
fundamentais: 1ª Sem pijama, peça de roupa muito redutora das liberdades
corporais em vale de lençóis; 2ª Sem Moët & Chandon, não pelo preço, claro,
mas pela preferência sempre dada aos vinhos nacionais. Este ano foi um Murganheira
bruto, D.O.C. Távora-Varosa, reserva de 2006.
Quanto à fatia de pizza e ao programa de televisão, não os excluo de todo:
é próprio dos altos espíritos fazerem algumas concessões aos gostos da plebe.
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