domingo, fevereiro 27, 2022

LOS DESASTRES DE LA GUERRA

 

Francisco Goya: mais esclarecedor do que todos os comentários televisivos de majores-generais, coronéis e outros especialistas de caserna.

quarta-feira, fevereiro 23, 2022

LOS DESASTRES DE LA GUERRA, de Francisco Goya

Em matéria de comentários de guerra, é nestes que verdadeiramente acredito. Quanto ao mais, extraordinários aqueles tempos em que os Vladimiros eram Ilitch!

domingo, fevereiro 20, 2022

PASSEIOS DE DOMINGO

O IMPORTANTE É SENTIR O ESPÍRITO DO LUGAR. Desta sorte, Baixa da Banheira é tão apelativa como Cascais, Ericeira ou Sintra. Há o Parque Municipal José Afonso, a luz do estuário, os adultos a passearem, as crianças a brincarem, o melro de Guerra Junqueiro a gorjear nas árvores. E muito mais, ora veja-se o que não se vê em outros lados.

=Fotos de 20-2-2022



sábado, fevereiro 19, 2022

HIPÓLITO E FEDRA

Hipólito, de Eurípides, tragédia apresentada em 428 a. C. Vi a noite passada no Teatro Municipal Joaquim Benite com encenação de Rogério de Carvalho. Interessante confrontar com Fedra, de Jean Racine, apresentada em Paris no ano de 1677, em que o casto e misógino Hipólito se apaixona por Arícia, princesa da família dos inimigos mortais de seu pai Teseu. Em ambas, a injusta acusação contra Hipólito, a de se haver dado a amores incestuosos com a sua madrasta Fedra. Na  tragédia de Eurípides tem mais relevo a acção dos deuses, fazendo surgir em Freda a paixão deletéria pelo seu enteado. E em Racine, a baixeza da denúncia passa da esposa de Teseu para a ama, uma criatura servil.  
Falando da sua peça, dizia o dramaturgo francês: «O que posso garantir é que não escrevi quaisquer outras em que a virtude seja mais posta em evidência do que nesta. As menores faltas são nela severamente punidas. O simples pensamento do crime é visto com tanto horror como o próprio crime. As fraquezas do amor passam por verdadeiras fraquezas. As paixões são nela postas perante os olhos somente para mostrar toda a desordem de que são causa: e o vício é pintado com cores que lhe fazem conhecer e odiar a disformidade.»
No fundo, os objectivos que Aristóteles via na tragédia, conforme deixou escrito na sua Poética: despertar o temor e a compaixão como meios de o espectador alcançar a catarse. E fortes motivos havia em Hipólito para despertar tais sentimentos: a paixão incestuosa, a mentira, a acusação injusta, o castigo pedido aos deuses para um filho que com verdade se havia justificado junto do seu pai. Tudo isto pertence ao homem antigo e ao moderno. Daí a actualidade desta peça de há dois mil e quinhentos anos. 

terça-feira, fevereiro 15, 2022

GENE KELLY e LESLIE CARON - Cena de dança nº 2 - "UM AMERICANO EM PARIS"

Agora  que está em curso a Temporada Portugal-França 2022 (temporada de acontecimentos que durará até Outubro em muitas cidades e vilas de Portugal e de França) e quando o apelo da cultura gaulesa - sentido de forma singular por Eça de Queirós, Mário de Sá-Carneiro  e tantos outros - já não é o mesmo de outros tempos, este apontamento de Um Americano em Paris, lembrado por José Carlos de Vasconcelos no último número do JL. O deslumbramento por Paris e a França viveu na plenitude em Thomas Jefferson, presidente dos EUA: «Tout homme a deux patries; la sienne et la France». Seja então, e viva Um Americano em Paris.

quinta-feira, fevereiro 10, 2022

MONTE PARNASO


Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
(...)

Espero que nos próximos quatro anos não me acometam razões pra desejar ir-me embora pra Pasárgada... Mas não é este eventual mal de alma que me traz aqui. Lembrar, sim, o centenário da Semana de Arte Moderna no Teatro Municipal  de São Paulo, de 11 a 18 de Fevereiro de 1922. Ali, num conjunto de intervenções, assinalou-se o nascimento do  movimento modernista no Brasil. Manuel Bandeira não esteve presente, mas um poema seu - "Os sapos", uma sátira ao Parnasianismo e seus epígonos - foi lido por Ronald de Carvalho com grande entusiasmo do público. Ronald de Carvalho, esse mesmo cujo nome figurava em Orpheu, junto do de Luiz de Montalvôr, como director da revista no Brasil. 

quinta-feira, fevereiro 03, 2022

LITANIA DO LÍTIO

 

venha a nós o lítio

pra transição energética

não tenhamos dúvidas

é tudo pela ética

#

a exploração do lítio

faz intrusões visuais

é mau prò turismo

e alojamentos rurais

#

o odioso profano vulgo

não gosta  do lítio

um minério bacana

bem melhor ku volfrâmio

#

gostemos do  lítio

prò gasóleo deixar

contra o efeito de estufa

marchar marchar

#

o lítio é bom

diz o nosso ministro

há estudos ambientais

pela fé de cristo

#

venha a nós o lítio

a ver se pega

antes o metal ecológico

kus danados do chega

 

quarta-feira, fevereiro 02, 2022

MONTE PARNASO

(...)
A relação entre um coisa e a sua causa
de facto é estreita
e depois
como disse Arnheim
entre uma luva de camurça
e uma montanha tibetana
é onde se situa a arte

- ANA HATHERLY, Itinerários (2003), "Domingo de Inverno"