quinta-feira, dezembro 31, 2020

NO SAPATINHO 4

Posto diferidamente no sapatinho. Livro em torno das comemorações dos 100 anos de vida literária de Ferreira de Castro. Traz as conferências de Outubro de 2016 na Fundação Engº António de Almeida: de Pedro Calheiros, Isabel Ponce de Leão, Paulo Samuel, António dos Santos Pereira e Célia Pinho. E em extratexto – o que não é coisa menor –, fac-símile dos seis números de A Hora: revista-panfleto de arte, actualidades e questões sociais, fundada em 1922 pelo romancista de Ossela. 
 

quarta-feira, dezembro 30, 2020

NO SAPATINHO 3

Esta prenda fui eu mesmo que a pus no sapatinho. Metido nos caminhos da ecocrítica a predicar sobre a paisagem em Amiel e Bernardo Soares, socorri-me deste simpático livrinho. Diz a autora na p. 25: «O único padrão que se pode discernir das actuais definições da ecocrítica é o destaque que nelas é dado às relações entre a literatura e o meio ambiente e o objectivo de promover a síntese quer da crítica literária com as ciências naturais, quer dos estudos literários com a filosofia do meio ambiente.» Vamos lá a ver se não me chamusco com o fogo ateado.

terça-feira, dezembro 29, 2020

NO SAPATINHO 2

Foi o primeiro livro de Dostoiévski que li. Há décadas, em exemplar requisitado nas bibliotecas itinerantes da Fundação Calouste Gulbenkian. Ideia de Branquinho da Fonseca - a destas bibliotecas -, que replicou na Fundação a experiência levada a cabo na Biblioteca-Museu Conde Castro Guimarães, Cascais, onde foi conservador e bibliotecário. Dentro de dias, assim espero, volto ao estranho mundo do estudante Raskólnikov.

segunda-feira, dezembro 28, 2020

NO SAPATINHO 1

Uma antologia poética sobre o corpo – nossa habitação permanente –  campo do desejo e invólucro da alma. Vai de Mário de Sá-Carneiro (1890-1916) a Golgona Anghel (1979).

Detenho-me em Ana  Hatherly (1929-2015), poema “Leonorama-Variação VII”:

descalça ia leonor. ia àfonte leda efria.

ia lesta &ia. afonte corria. leonorapenasia.

pela aragem fria. pela manhãia. sorria.   &ia.

leonoria. leonorama leonoria. anaía bela.   &ia.

(…)

E em Jorge Sousa Braga (1957), poema “Strip-tease”:

Quanto mais me dispo

menos nu

me sinto


domingo, dezembro 27, 2020

CAMINHADAS

Uma garça-real no trilho da Verdelha entre Póvoa de Santa Iria e Alverca do Ribatejo. Deixou-se fotografar a uma distância segura e depois voou. 
--- Ardea cinerea, ave ciconiiforme de grande porte, da família dos Ardeídeos, comum em Portugal, tem pernas e pescoço longo, atingindo perto de um metro de altura e apresenta bico grande e afilado e plumagem acinzentada, com faixa supraciliar negra (Infopédia).
=Fotos de 27-12-2020=


terça-feira, dezembro 22, 2020

O Natal em TO KILL A MOCKINGBIRD, livro

 MARY BADHAM como Scout Finch no filme (1962) de Robert Mulligan

O Natal na plantação Finch (capítulo 9) foi uma grande seca para Scout, não obstante os bons cozinhados da tia Alexandra. Por causa de ter falado de Atticus como um «amigalhaço dos pretos», o primo Francis foi esmurrado pela menina, tendo esta esfolado os nós dos dedos contra os dentes do desbocado.

Prendas de Natal para Scout e Jem: espingardas de pressão de ar, conforme pedido dos interessados.

Mas Atticus avisou a filha (capítulo 10): «Podes matar todos os gaios-azuis que encontrares, isto se lhes conseguires acertar, mas lembra-te de que é pecado matar uma cotovia.» Miss Maudie, em diálogo posterior, corroborou: «O teu pai tem razão. As cotovias não fazem nada a não ser cantar belas melodias para nós. Não estragam os jardins das pessoas, não fazem ninhos nos espigueiros, só sabem cantar com todo o sentimento para nós. É por isso que é pecado matar uma cotovia


segunda-feira, dezembro 21, 2020

NATAL NA PLANTAÇÃO FINCH

«Não havia suspiros suficientes que levassem o Atticus a deixar-nos passar o dia de Natal em casa. Desde que me lembro, que passávamos todos os Natais na plantação Finch. O facto de a tia ser uma boa cozinheira compensava o facto de ser obrigada a passar um feriado religioso com o Francis Hancock. Era um ano mais velho do que eu e, regra geral, eu fazia tudo para o evitar: gostava de tudo o que eu desaprovava e detestava as minhas engenhosas brincadeiras.» 

O primo Francis recebeu pelo Natal aquilo que havia pedido: um par de calções, uma pasta para os livros em couro vermelho, cinco camisas e um laço. Scout e o irmão Jem tiveram umas espingardas de pressão de ar e um estojo de química a sério, não de brincar. Há as suas diferenças...

Com tanto tipo que, neste Natal, aparece na televisão e no twitter com palavreado reaça, apetece-me pedir à Scout que venha aí do Alabama profundo para lhes assentar uns bons pares de murros. Ela sabe como se faz.


sexta-feira, dezembro 11, 2020

EPISTOLÁRIO

52 cartas trocadas entre MÁRIO DIONÍSIO e JOAQUIM NAMORADO de 1940 a 1978. Leitura, apresentação e notas de ANTÓNIO PEDRO PITA. Co-edição CASA DA ACHADA/LÁPIS DE MEMÓRIAS. Foi hoje posto à venda e já tenho o meu exemplar. 

terça-feira, dezembro 08, 2020

DURANTE O "PASSEIO HIGIÉNICO"

Visto e fotografado hoje durante o meu “passeio higiénico” em período de limitação da circulação: texto afixado num poste de iluminação da cidade por entre anúncios de empresas de limpezas, desentupimentos e mudanças. Um bocado erodido, nem já se vê o nº de telefone do candidato a amoroso, o que será uma pena caso a conciliação não tenha chegado a dar-se.

É tocante a amplitude etária desejada: dos 21 aos 40 anos. Quais anúncios de jornal, quais “sites” de namoro! 

São coisas como esta que me fazem acreditar no amor.


domingo, dezembro 06, 2020

KAZUO ISHIGURO

Li e continuo a ler os dois primeiros romances de Kazuo Ishiguro: As Pálidas Colinas de Nagasáqui (1982) e Um Artista do Mundo Flutuante (1986). Um aspecto que salta à vista: o confronto entre os valores de duas sociedades nos anos do pós-guerra – os valores do Japão tradicional e os da sociedade emergente. Em ambos os livros, a atracção dos mais novos pela cultura americana, o “sonho americano” em versão nipónica. Sachiko, personagem do primeiro romance, falante do inglês por influência familiar, sonha em emigrar para a América, nação onde a filha poderia aspirar a ser uma mulher de negócios ou uma actriz de sucesso. Oji-san, narrador do segundo romance, surpreende o neto Ichiro a brincar aos cowboys, assumindo a personagem de Lone Ranger celebrizada pelo cinema e pela banda desenhada. O avô tradicionalista ainda lhe recomenda que se fixe nos heróis samurais de antanho, como Yoshitsune. Não resultou, o que o menino queria era mesmo o herói Lone Ranger, Hi yo, Silver!

terça-feira, dezembro 01, 2020

EDUARDO LOURENÇO (1923-2020)

Um texto polémico de Eduardo Lourenço surgiu em Junho de 1960 no suplemento Cultura e Arte do Comércio do Porto, sendo mais tarde integrado no volume Tempo e Poesia, da Gradiva. Título: “Presença ou a contra-revolução do modernismo”. A dicotomia revolução/contra-revolução do título seria atenuada em publicações posteriores com a aposição de um ponto de interrogação final. O ensaísta deixava de fazer uma afirmação categórica e levantava uma questão à qual o texto, porém, respondia pela positiva.

Diz Eduardo Lourenço que para se perceber a «distância fabulosa» entre objectos poéticos revolucionários e outros que o não são, basta comparar a “Saudação a Walt Withman” ou a “Ode Marítima” de Álvaro de Campos com o “Cântico Negro” de José Régio. Em apreciação, a oposição Orpheu / presença, revolução e contra-revolução. Diga-se porém que “Cântico Negro”, sendo o mais celebrado dos poemas de Régio é anterior à revista presença e, bem vistas as coisas, até não era um poema assim tão celebrado pelo seu autor.

Claro que, nestes termos, Eduardo Lourenço não aceita a designação de Segundo Modernismo para a geração presencista. A presença , diz, não é continuação, mas sim, e simultaneamente, reflexão e refracção do Modernismo.

 

domingo, novembro 29, 2020

LEITURAS

 Comecei a ler: 

«Niki, o nome que finalmente demos à minha filha mais nova, não é um diminutivo; foi um acordo a que cheguei com o pai dela. Porque, por mais paradoxal que possa parecer, foi ele que quis que ela tivesse um nome japonês, ao passo que eu - talvez por um qualquer desejo egoísta de não ter de recordar o passado - insisti que o nome fosse inglês. Acabámos por concordar que fosse Niki, talvez por acharmos que tinha um vago tom oriental.»

(Tradução do inglês de Maria do Carmo Figueira)


domingo, novembro 22, 2020

quinta-feira, novembro 05, 2020

AMÉRICA!

 

AMERICA

Centre of equal daughters, equal sons,

All, all alike endear’d, grown, ungrown, young or old,

Strong, ample, fair, enduring, capable, rich,

Perennial with the Earth, with Freedom, Law and Love,

A grand, sane, towering, seated Mother,

Chair´d in the adamant of Time.


WALT WHITMAN, 1888


segunda-feira, novembro 02, 2020

OLHAI OS LÍRIOS DO CAMPO

 «Olhai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham nem fiam. Porém, Eu digo-vos: nem o rei Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um deles. Ora, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é queimada no fogo, muito mais Ele fará por vós, gente de pouca fé!» – Mateus, 7, 28-30.

Continuo com Erico Veríssimo, Olhai os Lírios do Campo. Estou agora no cap. 7, quando Eugénio e Olívia, depois de receberem os diplomas da formatura em Medicina, se sentam nas escadas do monumento de «homenagem ao patriarca» e aí discorrem sobre o futuro, a amizade e a sua condição de jovens pobres cuja subida na vida teria de ser feita a pulso.

O monumento – na Praça da Matriz, de Porto Alegre - homenageia o político Júlio Castilhos (1860-1903), considerado pelos seus conterrâneos o Patriarca do Rio Grande do Sul.

Li o romance de Erico Veríssimo há mais de 30 anos. Em Outubro de 2012 estive em Porto Alegre e fotografei o monumento, conforme foto que ponho aí em baixo. Estava longe de me lembrar, então, daquela passagem do romance.


domingo, novembro 01, 2020

RELEITURAS

Relendo Erico Veríssimo (Cruz Alta, 1905 – Porto Alegre, 1975) para me distrair de certas leituras que faço por obrigação. P. 25 do meu livro:

«Eugénio tira o chapéu, passa a mão pelos cabelos. Tem na mente, numa inquietadora sucessão, as imagens das pessoas que sacrificou à sua carreira, ao seu egoísmo, à sua cega ambição. Fui um louco, um bruto – pensa ele. Considerava apenas o seu futuro, a sua ascensão na vida. A carreira estava em primeiro lugar. Depois, vinham os outros. Os outros… Os que o amaram sem pedir compreensões, os que não exigiram nada e lhe deram tudo. O pai, obscuro, humilde, humilhado, ferido de morte pela vida. A mãe, que sacrificara a sua mocidade ao marido, aos filhos, ao lar. Agora, estavam ambos mortos. Era o irremediável.»

Dois apontamentos sobre o paratexto: 1) O romance é dedicado a Mafalda, a mulher, de nome completo Mafalda Halfen von Volpe (Pelotas, 1903 – Porto Alegre, 2003) que lhe deu dois filhos: Clarissa, pois então, e Luís Fernando. 2) A breve nota da portada com o título “Maurício”, nome que é «símbolo de uma funda amizade» e de «recordação dos sonhos de solidariedade humana», refere-se ao editor e divulgador literário Mauricio Rosenblatt (Rosário, Argentina, 1906 – Porto Alegre, 1988).


sexta-feira, outubro 30, 2020

NA CIDADE

Em Lisboa, esquina da R. Horta Seca com a R. das Chagas, ali entre o Camões e a Bica.

= Fotos de 26-10-2020


quinta-feira, outubro 29, 2020

VINCENT, UMA RELAÇÃO INCOMPREENDIDA

 
Numa carta para Théo, expedida de Haia em Abril ou Maio de 1882, diz Vincent van Gogh: 
«Encontrei este Inverno uma mulher grávida, desprezada pelo homem de quem ia ter o filho.
Uma mulher grávida, que vagueava pelas ruas, tentando ganhar o seu pão da forma que calculas.
Contratei-a como modelo e trabalhei com ela todo o Inverno.
Eu não tinha forma de lhe pagar salário completo de modelo; paguei-lhe o equivalente da habitação e, graças a Deus, pude preservá-la, até hoje, assim como à criança, da fome e do frio, partilhando com ela o meu pão. Quando encontrei esta mulher, fiquei impressionado com o seu ar de sofrimento.
Proporcionei-lhe banhos e fortificantes, dentro das minhas posses. Acompanhei-a a Leyde, onde há uma maternidade; aí poderá dar à luz.» - Cartas de van Gogh a seu Irmão Théo, Lisboa, Editorial Aster, p. 167.
A mulher tinha o nome de Christien e era tratada pelo hipocorístico Sien. A criança referida era uma menina de cinco ou seis anos, sua filha, que a acompanhava. Van Gogh amou-a e pretendeu desposá-la ante a incompreensão e indignação do irmão. O desenho de título Sorrow, de que ela foi o modelo, tem inscrita a seguinte frase de Michelet, autor lido e admirado pelo pintor holandês: «Comment se fait il qu´il y ait sur la terre une femme seule - délaissée.»

terça-feira, outubro 27, 2020

VITOR AGUIAR E SILVA, Prémio Camões 2020

 
O autor de Teoria da Literatura, obra publicada em 1967 e sucessivamente reeditada, gostoso calhamaço que tem servido com o seu saber tantos estudantes. Não a tenho em meu poder, embora a consulte com frequência. Deixo aqui a foto do que está mais à mão: estes «novos ensaios camonianos», lidos há uns anos, não muitos, quando cismei e escrevi sobre a dimensão autobiográfica d´Os Lusíadas.

domingo, outubro 25, 2020

COMUNIDADES DE LEITORES

Estive hoje na comunidade de leitores da CASA DA ACHADA - CENTRO MÁRIO DIONÍSIO a discutir presencialmente o conto "Oír ese Río", de Luísa Costa Gomes. Publicado pela primeira vez na Literastur, Revista Literária das Astúrias, foi incluído em 2001 na colectânea Império do Amor, da editora Tinta Permanente.

Um grande conto que fala da amizade e do amor, e de como estes sentimentos se podem confundir e até reciprocamente se destruírem. Quem não passou já por isso? E não são coisas só da juventude, estendem-se por todas as idades entre os que não se dispõem a renunciar aos afectos. Tão verdadeiro e susceptível de acontecer! Aqui deixo o link no sítio da autora:

https://www.luisacostagomes.org/oir-ese-rio.html

Tenham uma boa leitura.

sexta-feira, outubro 23, 2020

O ÊXITO TEM OS SEUS CAPRICHOS

A frase é de Mário Dionísio no incipt  da sua conferência de 1951 de título "O Drama de Vicente van Gogh". E faz-nos lembrar, para além da obra do pintor holandês, a recepção problemática do quadro As Banhistas, de Gustave Courbet (1819-1877), apresentado no Salão de Paris de 1853.

Diz Mário Dionísio: «As Banhistas de Courbet , que é um dos padrões que muitas pessoas hoje invocam para repelirem a arte moderna, foram acolhidas com mordentes ironias pela imperatriz Eugénia e com autênticas chicotadas na tela - chicotadas de chicote! - de Napoleão III.» Passaram 70 anos sobre a conferência de Mário Dionisío, algo mudou no quadro da relação entre o público e a arte, mas não tanto como possa parecer. «Porque quem não sabe arte, não na estima», diz Camões n´Os Lusíadas, canto V, estrofe 97.


quinta-feira, outubro 22, 2020

PINACOTECA

JEAN ANTOINE WATTEAU (1684-1721), O Banho de Diana (1715), óleo sobre tela, Museu do Louvre.

Nas Metamorfoses, de Ovídio, Diana é surpreendida no banho pelo caçador Acteão. Ciosa que era da sua castidade, a deusa da lua e da caça transforma-o num veado. Antes, dissera-lhe: «Agora, poderás contar que me viste despojada de roupas – se conseguires falar…» (Livro III, 173-198, Livros Cotovia, tradução de Paulo Farmhouse Alberto.)


segunda-feira, outubro 19, 2020

É FARTAR, VILANAGEM!


A ministra foi chamada ao PR, a telescola avança, os pais temem o regresso às aulas dos alunos infectados, o perigo dos assintomáticos, as escolas pedem esclarecimentos... E assim se passaram 35 minutos do Primeiro Jornal da SIC. Só depois falaram da Bárbara e dos radicais islâmicos. Mas voltaram ao confinamento no País de Gales, ao recolher obrigatório em França, aos funerais na Bélgica e à proibição de ajuntamentos na Áustria, ia já o jornal nos 46 minutos. Aos 48 apareceu o Trump sem máscara a quem o vírus não faz mossa. Às 14:00, a seguir ao intervalo, a saga do corona vírus no mundo continua (Brasil, Israel, Mesquita de Meca). E volta a aparecer a ministra da saúde a sair do encontro com o PR. Às 14:04, os pais explicam às criancinhas o que é a COVID 19. Depois, problemas na apanha da castanha em Valpaços causados pela pandemia. Finalmente, anunciaram a notícia do Benfica isolado no comando do campeonato com cinco pontos de avanço. Eram 14:10, não deu para esperar.

... BÁRBARA

 

Pretidão de Amor,
Tão doce a figura,
Que a neve lhe jura
Que trocara a cor.
Leda mansidão,
Que o siso acompanha;
Bem parece estranha,
Mas bárbara não.

LUIZ DE CAMÕES


domingo, outubro 18, 2020

DELÍRIOS ONÍRICOS

Esta noite sonhei com Clawdia Chauchat. Vi-a em trajo de dormir com aqueles seios pequeninos e as pernas finas, mas bem torneadas, sob transparências de tule e rendas. Estava melhorzinha dos pulmões e deu-me um lápis para a desenhar. A mim, que não tenho jeito para o desenho… Acordei a arfar, até parecia um paciente do sanatório da montanha mágica. Fico à espera de um próximo sonho. Pelo sim, pelo não, espero não falar. É conveniente


sábado, outubro 17, 2020

ESTADO DE EMERGÊNCIA...

 ... ou RECOLHER OBRIGATÓRIO, ou...

Um grito abafado pelo pano da máscara, sem aplicação STAYAWAY que lhe valha...
 

sexta-feira, outubro 16, 2020

LEITURAS

Há algum tempo que ando para pegar a sério (à séria, segundo uma amiga de Cascais) nestes cantos de Isidore Lucien Ducasse (Montevideu, 1846 - Paris, 1870), mais conhecido pelo pseudónimo Conde de Lautréamont. Do que merecer, aqui darei a devida ou indevida conta.

Não esquecer que para este autor o belo pode nascer do encontro numa mesa operatória de uma máquina de costura e de um guarda-chuva. Estranho? Talvez não. 

quinta-feira, outubro 15, 2020

A JUSANTE DA COVID

Uma coisa que me chateia é ouvir falar de 2ª vaga. A vaga é a mesma, a diferença é que em Março e Abril estávamos todos mais ou menos arrecadados e agora, graças a Deus, andamos à solta. Por falar em vagas, saibam que a que mais me interessa é a nouvelle vague do cinema francês – porque me vêm à memória, quando nela penso, imagens de Brigitte Bardot, Anna Karina, Jean Seberg e outras musas do Olimpo moderno.

Quanto a essa aplicação barata que querem obrigar-me a descarregar para o telelé, aqui declaro que não o farei. Como posso acreditar na utilidade de uma aplicação que não foi competente para avisar o Dr. Rio da perigosa presença, à sua beira, do infectado António Lobo Xavier?

E sobre o uso de máscara na via pública, também não me apanham nessa. Continuarei a andar de cara limpa, salvo quando me veja no aperto do Chiado ou do Passeio Marítimo do Isaltino, precaução que já venho tomando há algum tempo.

Entretanto, espero que a Assembleia da República mande às urtigas as propostas de lei concernentes.


quarta-feira, outubro 14, 2020

OUTONO DAS CORES

Frondes em flor ao sol declinante. No Campo das Cebolas, Lisboa, actualmente Largo José Saramago. Foto de 12-10-2020.

domingo, outubro 11, 2020

"VENISE N´EST PAS EN ITALIE" (2019), DE IVAN CALBÉRAC

Ai o amor... Uma comédia que é bem capaz de deixar lugar para uma pequena lágrima. Lindo!

= FESTA DO CINEMA FRANCÊS, Cinema São Jorge, Lisboa. Vi neste sábado, volta a passar na próxima quinta-feira, dia 15 de Outubro, às 17 horas.

sábado, outubro 10, 2020

EXPOSIÇÕES


Gessos (mas não só) como moldes e obras acabadas. As possibilidades múltiplas da técnica do molde (escultura infinita). A obra inacabada. A máscara funerária ou último retrato. E saber que de tudo isto há sempre um vão luminoso sobre as árvores do jardim com os seus regatos e lagos sombreados de pássaros.  A entrada é livre, o pensamento é livre, melhor que ficar em casa, os olhos turvos da radiação dos ecrãs. Ou das pantalhas, castelhanismo estupendo!    
= Fotos de 8-10-2020.

quinta-feira, outubro 08, 2020

PINACOTECA

SOFIA AREAL (Lisboa,1960), da exposição Dança de Roda. Fotografado em Agosto na galeria da Casa da Cultura de Setúbal. 

quarta-feira, outubro 07, 2020

O ANO DA MORTE DE RICARDO REIS (2020), DE JOÃO BOTELHO

Vi hoje no cinema Ideal. Seria difícil a João Botelho entrar na alma do livro. Como intertexto, o filme é obra razoavelmente conseguida, apesar de algumas anomalias de casting: Chico Diaz, no papel de Ricardo Reis, é um actor quinze anos mais velho do que a personagem interpretada; Luís Lima Barreto, por sua vez, surge demasiado carnal para a condição fantasmática de Fernando Pessoa. Bem, muito bem, Catarina Wallenstein a quem parcialmente se aplica o que no livro é dito a respeito de Lídia: «mulher feita e bem feita, morena portuguesa, mais para o baixo que para o alto».

A força do filme está nas vertentes amorosa e política do romance. Em termos literários, mas com peso menor, há os diálogos entre Fernando Pessoa e Ricardo Reis: o desdobramento do eu, o fingimento poético e o classicismo do médico-poeta autor de odes sáficas e alcaicas.

Assiste-se à transformação política de Ricardo Reis. O estoico-epicurista que escrevera «sábio é o que se contenta com o espectáculo do mundo», o monárquico sem rei indiferente à opressão e à guerra como os jogadores de xadrez do seu poema («Tudo o que é sério pouco nos importe»), indigna-se com a prepotência da polícia política que o interroga e a violência do comício fascista de que se retira.

Esta nova atitude perante o “espectáculo do mundo” (crescimento do nazismo e do fascismo na Europa, triunfo do franquismo em Espanha), é discordante com o seu conservadorismo moral e de classe (indecisão sobre o perfilhamento do filho seu e de Lídia e o juízo da inconveniência de um casamento com uma mulher do povo).

Tentarei voltar ao filme para fixar alguns aspectos que me poderão ter escapado.


terça-feira, outubro 06, 2020

NA MOITA

SOCIEDADE FILARMÓNICA ESTRELA MOITENSE, hoje mais dada a outras actividades associativas, como fitness, ioga, capoeira e zumba – essas coisas da moda. 

E Tudo o Vento Levou, com Clark Gable e Vivien Leigh. Lá está o quadro mural, numa parede do edifício, como tributo ao tempo em que a grande arte do cinema estava por cima. Gostei de ver.

= Na Moita, fotos de hoje, 6-10-2020.


segunda-feira, outubro 05, 2020

JUSTICEIRO SOLITÁRIO (1985), DE CLINT EASTWOOD


Fez-se passar por pregador (Clint Eastwood) junto de uma comunidade de garimpeiros ameaçados por uma grande empresa que queria tomar as suas concessões de exploração. Defendeu-os e afinal não era pregador, mas um temível pistoleiro que desancou forte e feio os maus da fita. Houve duas mulheres que se apaixonaram por ele, mãe e filha (Sydney Penny), mas não ficou com nenhuma. Destruiu à bomba as instalações da empresa opressora e deu cabo um a um dos pistoleiros contratados para o matar. Depois, foi à sua vida. Justiceiro solitário, assim mesmo, defendendo as pequenas empresas familiares do iníquo polvo capitalista. A América deste tempo era uma grande nação!  

= Acabei de ver na FoxMovies. Gostei.


domingo, outubro 04, 2020

MUNDO, DEMÓNIO E CARNE. O ABISMO

Capa de Julio para a edição princeps de Poemas de Deus e do Diabo (Coimbra, 1925). Mundo, Demónio e Carne, a tríade inimiga da alma, sob o Olho da Providência. Epígrafe da Obra: «Neste abismo é que tu me fazes conhecer a mim mesmo.» (Imitação de Cristo). O segundo livro de poemas de Régio, Biografia (Coimbra, 1929), terá como epígrafe uma frase de Nietzsche: «Quando se ama o abismo, é preciso ter asas.»

sábado, outubro 03, 2020

BARCOS EM TERRA

                         

"Desassossego" é o nome deste barco avieiro estacionado em Alhandra à espera de maré favorável. É bonito nas suas cores verde e branca, símbolos da esperança e da pureza. E, vejam com atenção, o nome está mesmo bem posto. Ao mestre e à tripulação os meus votos de boa pescaria, especialmente quando saírem para o "mar" no próximo dia 18.

 = Foto de 2-10-2020=

quinta-feira, outubro 01, 2020

ACONTECEU NO OESTE (1968), DE SERGIO LEONE

A FoxMovies fechou as coboiadas de Setembro com este clássico de Sergio Leone. Claudia Cardinale, pois então, e os monstros Henry Fonda, Charles Bronson e Janson Robards. Filme estreado em Portugal a 31 de Março de 1970. Planos magníficos, uma história que não se sabe toda de uma vez, 2 horas e 45 minutos de puro cinema. 

terça-feira, setembro 29, 2020

FOI BONITA A FESTA, PÁ


A CASA DA ACHADA FEZ 11 ANOS

FESTA NO SÁBADO E DOMINGO, 26 E 27 DE SETEMBRO

 

- Inauguração da nova exposição colectiva de pintura AS PASSADAS PROLONGADAS NOUTROS PASSOS.

 

- Leitura a várias vozes do Drama de Vincent Van Gogh, conferência proferida por Mário Dionísio, em 17 de Março de 1951, na Sociedade Nacional de Belas Artes.

 

- Leitura do conto de Mário Dionísio «Assobiando à vontade», por Inês Nogueira e Artur Pispalhas.

 

- Actuação do Coro da Achada e do Teatro Comunitário da Casa da Achada.

 

Houve ainda um bolo de velinhas, vinhos finos e acepipes variados.



quinta-feira, setembro 24, 2020

MEMÓRIAS DE FILMES - Barbarella e o Anjo

E aqui estou ante a memória vaga desta Barbarella (1968) que ROGER VADIM foi buscar à banda desenhada para desempenho erótico de JANE FONDA. Há cenas esquisitas de sexo, higiénicas e breves, mas ao que parece satisfatórias. A Barbarella deitou-se com o Anjo no seu ninho e gostou. E tudo isto no futuro, lá muito para diante, século quatrocentos ou qualquer coisa assim.Vi há uma data de anos e não voltei a pôr-lhe a vista em cima. Dizem-me que está no YouTube, qualquer dia vou lá. 

terça-feira, setembro 22, 2020

COBOIADAS

El Dorado (1967), de Howard Hawks, com os monstros sagrados John Wayne e Robert Mitchum, além desta destemida Michele Carey, rapariga de dedo rápido no gatilho e muita graça feminina. Vi numa destas noites na Fox Movies, abençoada noite.