segunda-feira, novembro 26, 2012
domingo, novembro 25, 2012
CONTADORES DE HISTÓRIAS
RODOLFO CASTRO, artista argentino, um rapsodo dos tempos modernos. Uma sessão das suas incríveis narrações teve lugar na passada sexta-feira na Biblioteca Municipal de Oeiras. Não perder a próxima: Cinema São Jorge, Festival da revista LER, quarta-feira, 5 de Dezembro, às 22 horas.
sexta-feira, novembro 23, 2012
segunda-feira, novembro 19, 2012
sábado, novembro 17, 2012
quinta-feira, novembro 15, 2012
"O MELHOR POVO DO MUNDO"
Fotos DN
O povo de brandos costumes, uma invenção do salazarismo recentemente
recuperada pelo inefável Vítor Gaspar, é capaz de coisas como as que ontem se
viram nas imediações do parlamento. Não era isto que este governo de Vichy queria
mostrar à ocupação estrangeira, e daí a atrapalhação, as loas à polícia, a pressa
inusitada com que veio declarar a inocência da Intersindical.
Não adianta reduzir
o sucedido às proporções do crime vulgar, diabolizar os poucos que provocaram e
atiraram pedras, incendiando e
transformando uma zona de Lisboa em cenário que faz lembrar a revolta popular de
Londres em 2011. O mal não está nesses por enquanto ainda poucos desesperados,
mas nas políticas em curso que geram o desemprego e arruínam a esperança.
Tenham cuidado os Miguéis de Vasconcelos que nos governam que este povo não é brando e coisas piores podem vir a acontecer. Inquisidores, bandidos, regicidas e torcionários – temos de tudo isso no nosso sangue.
Tenham cuidado os Miguéis de Vasconcelos que nos governam que este povo não é brando e coisas piores podem vir a acontecer. Inquisidores, bandidos, regicidas e torcionários – temos de tudo isso no nosso sangue.
quarta-feira, novembro 14, 2012
terça-feira, novembro 13, 2012
sexta-feira, novembro 09, 2012
FRAU EUROPA E OS SEUS TÍTERES
Lisboa, Amoreiras, Av. Conselheiro Fernandes de Sousa. Fotografia tirada hoje. Trabalho realizado pelos artistas Nomen, Slap e Kurtz em 20 e 21-10-2012.
quinta-feira, novembro 08, 2012
Johannes Brahms: Symphony N. 4, Allegro non troppo (1)
"Durante a escrita das numerosas versões de A Maçã no Escuro, a autora [Clarice Lispector] ouviu até à exaustão a Quarta Sinfonia de Brahms, número que se exprime no livro como símbolo do mundo criado e de vida"
Da contracapa da edição Relógio d´Água, 2000.
VOU LENDO
Quando ela
era menina, por pura tendência à subtileza e à fraqueza, dissera a um menino de
quem gostara: «vou lhe dar uma pedra que encontrei no jardim» – e ele entendera
que ela gostara dele, tanto que lhe dera em troca uma caixa de fósforos com um
biscoito dentro.
(…)
Seus motivos
de desejá-lo eram os de uma mulher que deseja amor – o que lhe parecia
terrivelmente subtil. E como se não bastasse esse motivo estranho, ela o
entrelaçara com um motivo mais subtil ainda: o de se salvar – que é certo ponto
que o amor às vezes atinge.
(…)
– Olhe esta samambaia! disse ela para o homem
porque uma pessoa não pode dizer «eu te amo».
CLARICE LISPECTOR, A Maçã no Escuro, segunda
parte, capítulo 6, pp. 155 e 156.
A BEGÓNIA
Agora que ela partira e só por raras
cartas recebia notícias suas, doía-lhe que nunca lhe falasse da begónia, a
planta que ambos criaram com um misto de carinho e sobressaltado
encanto. Não compreendia como se pudera apagar do passado o milagre daquele pequeno
ser que juntos viram crescer, ganhando o direito à vida, e que não raro os encheu de
cuidados e lhes tirou o sono.
Trouxeram-na para casa num Inverno
distante, como que adormecida, o pequeno vaso de plástico vestido de um jornal
velho, as folhas redondas e miúdas espreitando sobre as letras machucadas que
compunham notícias antigas, já sem préstimo.
Deixaram-na ao lado da televisão,
exposta às destemperadas radiações de telejornais e reality shows, e a frágil planta ressentiu-se. Tempos depois, os
caules que sustentavam as folhas vacilavam nas suas disposições orgânicas,
via-se que a pobre estava em sofrimento, e eles lançaram-se a pesquisar em
livros de botânica o remédio para o inesperado mal. Transferiram a planta para
um vaso de barro, adubaram e regaram, vigiaram os efeitos nocivos de ácaros e
fungos, e, como a Primavera tivesse então chegado, instalaram-na na varanda,
recebendo o calor renascente do novo ciclo cósmico. Salvou-se.
Pensavam na begónia como se de um
filha se tratasse. Amavam-na, falavam com ela mesmo durante aquelas fases em
que cada vez menos falavam entre si, e viam-na já como uma planta adulta, uma
árvore florida sobrepujando as diminutas proporções dos seus progenitores adoptivos.
Eram uns pais felizes.
Depois ela foi-se embora e levou a
begónia. E nunca mais lhe falou da planta, como se exclusivamente lhe
pertencesse e nada tivesse que fosse de outrem. Ele ainda insinuou, uma vez, na
correspondência que espaçadamente mantinham, que a filha era de ambos, que os
dois a tinham criado e protegido nos transes mais difíceis da sua lenta progressão
vital. Porém, as cartas que recebia continuavam a falar apenas de assuntos
práticos e tangíveis, como partilhas e outras disposições legais, não da begónia
que parecia nunca ter existido nas suas vidas.
Uma vez encheu-se de coragem e foi
espreitá-la, manhã cedo, para não ser surpreendido pela vizinhança, sob a nova
varanda em que vivia. Deu com uma planta alta, assim como uma mulher jovem e muito
senhora de si, mas fosse pela distância que ia do chão ao segundo andar, ou
talvez pela hora tão matinal em que só algumas plantas estão já completamente
acordadas, juraria que ela não o havia reconhecido. Estava rodeada de
companheiras, novas plantas cheias de cor, algumas em flor, que deviam encher-lhe os dias de juvenil satisfação. Queria lá ela saber daquele
senhor de quem nem sequer recordava o nome.
Isto foi o que sentiu, e por isso
logo se retirou, sem reparar que uma pequena folha, verde como só uma pequena folha
sabe ser, se desprendia do caule e caía, tocada por um vento leve, sobre a
calçada a que virava costas.
Seguiu o seu caminho, desolado e pensativo.
Talvez na próxima carta, se houvesse uma próxima carta, chegassem notícias daquela begónia que nunca deixaria de amar. E neste pensamento se alegrou a manhã, subitamente bela
como uma maçã mordida, um sonho na madrugada ou a memória feliz de um tempo antigo.
terça-feira, novembro 06, 2012
CHAMEM A POLÍCIA...AU AU AU...CHAMEM A POLÍCIA...
"Passos, recua, a polícia está na rua"
Menina na varanda, a ver passar os polícias
Esperando os colegas
É preciso prender os ladrões
"Vamos a S. Bento, contestar o orçamento"
segunda-feira, novembro 05, 2012
domingo, novembro 04, 2012
RETRATO DE VIDA COM NARCISO AO FUNDO
Dominava-o
uma espécie de dislexia dos fonemas
do amor e por
isso se acomodava ao fulgor
dos
silêncios, à morosa retórica dos actos falhados
que a
psicanálise tão bem explicou.
Era um solitário
entre penhascos povoados,
um viajante
que não conhecia a viagem.
Pensa agora que
se pudesse recomeçar separaria
o afecto do
orgulho e saberia distinguir
o viço de uma folha
de árvore de um galho seco da mesma.
Mas isso é o
que pensa e só diz nas escritas de água
com que se
paramenta. Na prática,
faz como o
filho de Cefiso e Liríope:
debruça-se
no regato do seu ego
e continua a
amar-se.
quinta-feira, novembro 01, 2012
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