Quando ela
era menina, por pura tendência à subtileza e à fraqueza, dissera a um menino de
quem gostara: «vou lhe dar uma pedra que encontrei no jardim» – e ele entendera
que ela gostara dele, tanto que lhe dera em troca uma caixa de fósforos com um
biscoito dentro.
(…)
Seus motivos
de desejá-lo eram os de uma mulher que deseja amor – o que lhe parecia
terrivelmente subtil. E como se não bastasse esse motivo estranho, ela o
entrelaçara com um motivo mais subtil ainda: o de se salvar – que é certo ponto
que o amor às vezes atinge.
(…)
– Olhe esta samambaia! disse ela para o homem
porque uma pessoa não pode dizer «eu te amo».
CLARICE LISPECTOR, A Maçã no Escuro, segunda
parte, capítulo 6, pp. 155 e 156.
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