terça-feira, dezembro 01, 2020

EDUARDO LOURENÇO (1923-2020)

Um texto polémico de Eduardo Lourenço surgiu em Junho de 1960 no suplemento Cultura e Arte do Comércio do Porto, sendo mais tarde integrado no volume Tempo e Poesia, da Gradiva. Título: “Presença ou a contra-revolução do modernismo”. A dicotomia revolução/contra-revolução do título seria atenuada em publicações posteriores com a aposição de um ponto de interrogação final. O ensaísta deixava de fazer uma afirmação categórica e levantava uma questão à qual o texto, porém, respondia pela positiva.

Diz Eduardo Lourenço que para se perceber a «distância fabulosa» entre objectos poéticos revolucionários e outros que o não são, basta comparar a “Saudação a Walt Withman” ou a “Ode Marítima” de Álvaro de Campos com o “Cântico Negro” de José Régio. Em apreciação, a oposição Orpheu / presença, revolução e contra-revolução. Diga-se porém que “Cântico Negro”, sendo o mais celebrado dos poemas de Régio é anterior à revista presença e, bem vistas as coisas, até não era um poema assim tão celebrado pelo seu autor.

Claro que, nestes termos, Eduardo Lourenço não aceita a designação de Segundo Modernismo para a geração presencista. A presença , diz, não é continuação, mas sim, e simultaneamente, reflexão e refracção do Modernismo.

 

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