quarta-feira, setembro 11, 2013

O CONHECIMENTO DA ABRÓTEA

Conheci-a no desmaiar de um equinócio antigo,
à luz das velas, num restaurante das margens
do rio Gilão ou Séqua. Não posso garantir,
mas acredito que uma lua em quarto crescente,
romântica e lenta como todas as luas,
feria de claridade o céu morno do Al-Gharb.
 
O seu corpo era brando como uma esponja
ou a concha que se abre ao rumor do mar.
Tinha sal na pele e o sol na púbis.
O resto não interessa. – Veio com batatas e legumes.
Lúbrico, um fio de azeite adocicara-lhe
a carne. Bebi vinho de Tavira, e depois dormi.
 
11-9-2013
 

2 comentários:

Maria Amélia disse...

Belas Abróteas comestíveis, sim e vinho de Tavira, confere!

Manuel Nunes disse...

Phycis phycis (Linnaeus, 1766). Melhor peixe não há em todo o Atlântico Norte. Sou capaz de me juntar a alguns apreciadores e fundar, sob a égide de Neptuno, a Confraria da Abrótea.
Já do vinho de Tavira tenho as minhas dúvidas. Anda muito decaído, ultimamente. Precisava de uma boa abrótea que o espevitasse, mas isso não se arranja do pé para a mão.