Diz-se que
havia em Alexandria, na célebre biblioteca destruída por um incêndio já não sei
bem em que século, um pergaminho versando em tratado as patologias do amor e, o
que é mais surpreendente, prescrevendo remédios
para tão insidiosos males.
Borges, o
argentino, terá tido uma visão fugaz do misterioso rolo ao contemplar, numa dobra do tempo de Deus, o
Aleph da cave da Rua Garay de Buenos
Aires.
Um pouco mais
para trás, um mensageiro que veio
anunciar o Quinto Império à corte de D. João V, por isso mesmo relaxado em
carne, depois de torturado e obrigado a
falar pelos esbirros da Santa Inquisição, trouxe notícia do documento, salvo
das chamas por um poeta neotérico cujo nome se perdeu na voragem dos séculos.
Ninguém
levou a sério o mensageiro, o que acho natural.
Por mim,
ainda não desisti de o encontrar, mas desiludam-se
os ingénuos: só me move a vaidade intelectual da pesquisa, pois há muito que
deixei de acreditar no amor.
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