quinta-feira, outubro 22, 2009

"O rompimento da fraternidade"


Tudo porque Deus aceitou de bom grado as ofertas de Abel, constituídas por artigos de origem animal, e não demonstrou apreço pelo que lhe oferecia Caim, simples produtos da sua actividade agrícola.

Valorizando o labor da pastorícia e rebaixando o dos trabalhadores da gleba, Deus dividiu os irmãos e os homens. Instalou o ciúme no coração de Caim, fez-se autor moral do crime.

A Bíblia é um livro tão rico, tão rico, que dele pode sair uma literatura inteira. Está lá tudo o que diz respeito ao homem: a miséria e a opulência, o amor e o ódio, a guerra e a paz, as grandes e as pequenas paixões das almas.

Nas margens de tudo isto ficam os padres pregadores em púlpitos arruinados, os inquisidores de fato e gravata, as vozes estrídulas da ortodoxia cega.

Leia-se em Camões:

No mais, Musa, no mais, que a Lira tenho
Destemperada e a voz enrouquecida,
E não do canto, mas de ver que venho
Cantar a gente surda e endurecida.
O favor com que mais se acende o engenho
Não no dá a pátria, não, que está metida
No gosto da cobiça e na rudeza
Dhua austera, apagada e vil tristeza.

1 comentário:

Ricardo António Alves disse...

Belo post, meu caro
Um abraço