sábado, outubro 24, 2009

LE BON USAGE DES MALADIES

Leio no Diário Inédito de Vergílio Ferreira, Bertrand Editora, 2008, p. 130:

Évora, 21 de Novembro de 1948

Tenho de o dizer. Há um tipo que além do sarampo e adjuntos da infância teve aos treze uma pleurisia, aos dezasseis um duplo foco pulmonar, aos dezassete outro do outro lado, depois uma ladainha de moléstias: (…) e por aí, até que aos trinta e dois lhe tiraram um rim. Pois apesar de o físico estar todo alugado por mazelas, foi ainda possível, aos trinta e três, arranjar uma vagazinha para uma sinusite.
Caramba, esse tipo sou eu!
- Certamente um caso de le bon usage des maladies, nos moldes reflexivos de Blaise Pascal.

Sem comentários: