quinta-feira, julho 15, 2021

DIÁRIO DO TEMPO DE VERÃO (8)

Esta semana, visitei no MNAA a exposição "Vi o reino renovar" sobre o estado da  arte portuguesa ao tempo do rei D. Manuel I. Noutro local, já disse o que ela me pareceu: uma boa mostra de peças de arte - pictóricas, escultóricas, bibliográficas, de tapeçaria e de ourivesaria -, mas limitada e sem o impacto que época tão crucial reclamaria. Não há, por assim dizer, grandes novidades: a Bíblia dos Jerónimos, a Custódia de Belém, as pinturas de Jorge Afonso e Gregório Lopes, iluminuras, etc. Em termos museológicos, as peças das secções relativas à imprensa e aos forais  surgem mal iluminadas, como se não fossem para ler, apenas para mostrar.
Gostei de encontrar a pintura de Cristóvão de Figueiredo sobre a "Chegada das Relíquias de Santa Auta ao Mosteiro da Madre de Deus,
relíquias trazidas para Portugal por iniciativa da rainha D. Leonor. Esta Santa Auta era uma das "11 mil virgens" martirizadas pelos hunos em Colónia no ano de 383. E mais uma vez sorri ao pensar naqueles milhares de virgens dos provectos alfobres da História. Uma inscrição encontrada em Colónia referia-se ao martírio como tendo sido obrado em XI MM VV (onze mártires virgens), mas logo se trocou "MM" por "mil" e o número fabuloso aí ficou a atestar a resistência gloriosa dos inúmeros mártires do Cristianismo nascente. 

Sem comentários: