Hoje é o Dia
Internacional da Mulher. Houve uma amiga que me avisou e eu tomo sempre boa
nota dos avisos das amigas. Nesta data, pensava publicar sobre o «dia triunfal»
de Fernando Pessoa, 8 de Março de 1914, quando o poeta, acercando-se de «uma
cómoda alta e tomando um papel», escreveu de pé trinta e tal poemas a fio,
segundo o que narra a Adolfo Casais Monteiro na célebre carta sobre a génese
dos heterónimos. O meu 8 de Março era outro, mas caiu-lhe em cima o aviso da
minha amiga. E assim, para não desfeitear Pessoa nem as mulheres, muito menos a
amiga estimável, lembrei-me de trazer aqui, em homenagem a elas, o único
“heterónimo” feminino do autor de Mensagem
– nada mais, nada menos que Maria José, corcunda de 19 anos, escrevente
daquela carta que começa assim:
Senhor António:
O senhor nunca há-de ver esta carta, nem eu a hei-de ver segunda vez
porque estou tuberculosa, mas eu quero escrever-lhe ainda que o senhor o não
saiba, porque se não escrevo abafo.
Eu tenho dúvidas que Maria José seja um heterónimo, mas no acervo do “Arquivo Pessoa - Obra Édita” é assim que aparece. Aceitemo-lo então. E vivam as mulheres, a Maria José e o Dia Internacional da Mulher!
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