Dinis Machado, imagem © rabiscos vieira
(…) a minha
obrigação é ver passaportes, avisar contra as regiões da lua de sombra e passar
a guia para a Praia de Pensar Nisso, mas voltemos às estrelas, aquela ali é
Dick Tracy, um polícia à paisana que conseguiu o exacto ponto de equilíbrio
entre o dever e a solidariedade, ainda me lembro dele quando chegou aqui, disse
que tinha deixado tudo em ordem lá atrás e perguntou se tudo corria bem nas
outras estrelas, na estrela Mãe, na Bigodes Piaçaba, na de César, conversámos
um pouco, tinha muita franqueza no olhar, passei-lhe a guia para a Praia de
Pensar Nisso, partiu de chapéu na mão, depois temos a estrela Aurora, lúcida e
louca, nasceu de uma máquina de escrever sem teclas, agora é nela manhã todos
os dias, e a estrela Morango, ou estrela Wilson, ortodoxa e desorbitada,
toca-se lá Stravinsky em inebriantes noites jardineiras, e outras estrelas e
estrelinhas de constelações descentralizadas e iglantónicas, olhe agora para
aquela galáxia, para a luz maravilhosa que irradia, os diferentes formatos e as
várias intensidades, os entendidos sabem o nome de todas elas, eu conheço
algumas, é a de Mozart, a de Rimbaud, a de Gorki, a de Van Gogh, de Bach, a de
Eluard, a de Dostoiewski, a de Neruda, a de Goya, a de Cesário, aquela ali,
muito intensa, é a de Beethoven, (…)
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