sexta-feira, junho 15, 2012

QUASE EPIGRAMA

Tudo podia ter acontecido de outra maneira, dizes
com o desencanto de quem chega ao fim dum romance
e não se conforma com o desfecho da história.

Não sei se sabes, mas os romancistas lidam arduamente
com as personagens que criam.  Muitas vezes, contra tudo
o que esperam, são elas que galopam os corcéis da fábula,
que tomam conta dos fios da trama.

Que podias tu fazer, na tua ingénua simplicidade,
para segurares o curso da história que te meteste a escrever?
Onde tinhas o tear para urdir as ficções?
Onde estava o modelo que devias seguir?

Fizeste-te personagem trágica dum romance fechado
e nenhum deus ex machina veio em teu auxílio.

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