Dez anos depois volto a este texto. Temas e passagens reproduzidos quase com as mesmas palavras da "Nobel Lecture" de 7 de Dezembro de 1998 na Academia Sueca; a oposição campo / cidade, de Azinhaga e Mouchão de Baixo às dez moradas (em pouco mais de dez anos) na "metrópole lisboeta". Há coisas surpreendentes: aquelas, por exemplo, em que o memorialista alude aos desvios éticos do progenitor e maus tratos infligidos à esposa. Há coisas bonitas: aos dezoito anos, Saramago namorava com Ilda Reis e tinha uma relação de amizade com um pintor de cerâmica da fábrica Viúva Lamego, um tal Chaves a quem encomendou um prato em forma de coração para oferecer à namorada. Tinha pintada uma quadra da sua autoria: «Cautela, que ninguém ouça / o segredo que te digo: / dou-te um coração de louça / porque o meu anda contigo.»
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