Uma das
histórias surpreendentes narradas em Na
Patagónia é a do militante anarquista Simón Radowitzky, nascido na Ucrânia,
de família judia, em 1891, e falecido na Cidade do México em 1956. Diz o autor
que na Argentina de princípios do século XX as palavras russo e judeu como que
eram sinónimas. Só que este judeu não era como os de há dois mil anos que
mataram o Justo. Radowitzky matou à bomba o injusto chefe da polícia de Buenos
Aires, coronel Ramón Falcón, tendo sido preso na colónia penal de Ushuaia, na
Terra do Fogo. Corria o ano de 1909. Torturado e sodomizado punitivamente pelos
seus carcereiros, fugiu da prisão com o apoio de correlegionários, voltando a
ser preso e finalmente indultado pelo presidente Yrigoyen, em 1930, «num gesto de
boa vontade para com a classe operária». Radowitzky quis voltar à Rússia,
desconhecendo que na pátria revolucionária se tinha dado o massacre de anarquistas
em Kronstadt. Combateu em Espanha e veio morrer ao México, no mesmo país onde dezasseis
anos antes fora assassinado Trotsky.
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