quarta-feira, setembro 26, 2018

"NA PATAGÓNIA"


Uma das histórias surpreendentes narradas em Na Patagónia é a do militante anarquista Simón Radowitzky, nascido na Ucrânia, de família judia, em 1891, e falecido na Cidade do México em 1956. Diz o autor que na Argentina de princípios do século XX as palavras russo e judeu como que eram sinónimas. Só que este judeu não era como os de há dois mil anos que mataram o Justo. Radowitzky matou à bomba o injusto chefe da polícia de Buenos Aires, coronel Ramón Falcón, tendo sido preso na colónia penal de Ushuaia, na Terra do Fogo. Corria o ano de 1909. Torturado e sodomizado punitivamente pelos seus carcereiros, fugiu da prisão com o apoio de correlegionários, voltando a ser preso e finalmente indultado pelo presidente Yrigoyen, em 1930, «num gesto de boa vontade para com a classe operária». Radowitzky quis voltar à Rússia, desconhecendo que na pátria revolucionária se tinha dado o massacre de anarquistas em Kronstadt. Combateu em Espanha e veio morrer ao México, no mesmo país onde dezasseis anos antes fora assassinado Trotsky.


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