«Decretado o divórcio,
a dama do oculto estabeleceu-se com um homem mais novo sem papéis nem
assinaturas. Uma espécie de toy boy, na
sugestiva expressão que só a língua de Shakespeare e John Keats é capaz de nos
dar. Mas não durou muito este casamento do diabo, expressão da Carta de Guia de Casados de D. Francisco
Manuel de Melo: casamento de Deus, o dos noivos da mesma idade; da morte, o do
velho com a jovem; do diabo, o que tem lugar entre o jovem e a velha. O toy boy não desistira de ser brinquedo
de outras senhoras, e a dama do oculto, dona da casa que servia de cenário às
brincadeiras do casal, demitiu-o das suas funções sem sobressalto ou angústia
de qualquer das partes.»
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Excerto duma narrativa inédita.
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