sábado, dezembro 02, 2017

FRAUTA MINHA, QUE TANGENDO


CABEÇA (c. 1913), DE GUILHERME SANTA-RITA

O pintor dizia-se ultramonárquico e imperialista,
como se lê numa carta de Mário de Sá-Carneiro
para Fernando Pessoa, datada de Paris,
28 de Outubro de 1912,
quando provavelmente já começara a esboçar
o rútilo delírio da sua cabeça cubo-futurista.
Filho de oleiro, dizia-se,
saltimbanco em Badajoz,
pintou o silêncio num quarto sem móveis
e foi Gervásio Vila-Nova
em A Confissão de Lúcio.
Cabeça diferente de todas as cabeças,
elmo de perfil trágico, prenúncio
da carnificina próxima.

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