GUSTAV KLIMT, Danae (1907)
A casa parada, o pó sobre os móveis e os tapetes húmidos, um
vento súbito metendo-se pelas frinchas das portas e janelas, o desafio. É
tarde, tão tarde que a casa hesita nos alicerces de pedra e sonho, como se aquele
fosse um falso vento e ali chegasse fora de horas por um insondável desvario
atmosférico. São sempre horas de encher a casa de palavras, de arrancar das
paredes as velhas fotografias silenciosas, de descobrir devagar o sentido ignorado
das coisas. A casa é, agora, um lugar de esperança.
2 comentários:
Talvez o vento fosse afinal, a esperança.
O poeta finge.
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