segunda-feira, junho 05, 2017

FRAUTA MINHA, QUE TANGENDO (6)

GUSTAV KLIMT, Danae (1907)
A casa parada, o pó sobre os móveis e os tapetes húmidos, um vento súbito metendo-se pelas frinchas das portas e janelas, o desafio. É tarde, tão tarde que a casa hesita nos alicerces de pedra e sonho, como se aquele fosse um falso vento e ali chegasse fora de horas por um insondável desvario atmosférico. São sempre horas de encher a casa de palavras, de arrancar das paredes as velhas fotografias silenciosas, de descobrir devagar o sentido ignorado das coisas. A casa é, agora, um lugar de esperança.

 

2 comentários:

Bia disse...

Talvez o vento fosse afinal, a esperança.

Manuel J. M. Nunes disse...

O poeta finge.