quinta-feira, maio 16, 2013

EDUARDO GUERRA CARNEIRO (1942-2004)

A dor é isto: um vazio. E sentir
depois um vazio maior - esperar
a morte. Escrevo, assim, convicto,
num estado semelhante já ao pó,
mas em lava ardente procuro
a maneira ainda de incendiar.

A morte é isto? Um vazio? Mas
escrevo para contar aos outros
deste sentimento estranho. Ao espelho
vejo ressentimento, usura, uso
e abuso do tempo que me deram.
E ardo na paixão gelada, sem morrer.

Espero por ti, seguro que já sei
nada mais de ti esperar.

                       EDUARDO GUERRA CARNEIRO

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