domingo, julho 03, 2011

"PATOLOGIA SOCIAL"

O Primo Basílio, novo romance de Eça de Queirós, é um fenómeno artístico revestindo um caso patológico. Para bem se compreender esta obra é preciso discriminar o que nela pertence à jurisdição da arte e o que pertence aos domínios da patologia social.

Eis a doença que êste livro acusa: – A dissolução dos costumes burgueses.
O mais característico sintoma dêsse mal é a falsa educação. A educação burguesa tem um defeito fundamental: mantém na mulher a mais terrível, a mais perigosa de todas as fraquezas. Esta fraqueza consiste no seguinte: No fundo mais íntimo e mais secreto da sua existência de artifício e de aparato, a burguesa sente-se conscenciosamente mesquinha e reles. Vamos ver porquê.

Veja-se em As Farpas de Ramalho Ortigão, tomo IX, Lisboa, Livraria Clássica Editora, 1944, pp. 245-262

3 comentários:

Joca disse...

O adultério era como um dever aristocrático...está escrito no livro. Que tempos de dissolução!

Manuel Nunes disse...

Não acho, minha amiga. O romance naturalista era profundamente conservador, e, por isso, é que via patologia em tudo o que era simples diferença. Simpatizo com a Luiza; o Jorge também não era mau tipo, só que não devia ter ido para o Alentejo, deixando a jovem esposa naquele insuportável Verão de Lisboa. Sujeitou-se às consequências...

Joca disse...

Eu esclareço: não é o que acho, é o que está escrito. O Basílio, para sossegar Luiza, é que invoca a sua situação nestes termos, seria como que natural. Aliás, também simpatizo com Luiza, com Jorge e com Sebastião.
Tanto tempo fora, caramba...naquela época. E hoje tão perto!