quinta-feira, outubro 14, 2021

DIÁRIO DE OUTONO (4)

Há pouco, tentando arrumar uns papéis no intervalo do habitual dedilhar de teclas, encontrei uma folha com estas frases escritas pelo meu punho:

Quando chego o piano estala agoiro
*
O dúbio mascarado, o mentiroso
*
Que o meu caixão vá sobre um burro
*
Quanto a ti, meu amor, podes vir às quintas-feiras,
*
Lá anda a minha dor às cambalhotas
*
Lord que eu fui das Escócias doutra vida
*
Ai, como eu te queria toda de violetas
*
As companhias que não tive,
*
Outrora imaginei escalar os céus

Sinto que me falta o tempo para tudo, já não digo para escalar os céus, mas para coisas simples como arrumar papéis. As manhãs voam, as tardes estonteiam, as noites liquefazem-se...  Volto à lida.

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