domingo, novembro 25, 2018

GILETS JAUNES

Eugène Delacroix, A Liberdade Guiando o Povo

Ao ler as notícias sobre as barricadas dos “coletes amarelos” em Paris, lembrei-me de 1848, a deposição de Luís Filipe (le roi-bourgeois) e o nascimento da Segunda República de Luís Napoleão, depois traída pelo próprio (Napoleão III) à semelhança do que fizera o seu ilustre tio no 18 de Brumário do ano VIII. Corrigindo Hegel, Marx escreveria: «Todos os acontecimentos e personagens históricos ocorrem, por assim dizer, duas vezes: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa.» Lembrei-me ainda da reforma urbanística de Paris, levada a cabo pelo barão de Haussmann durante o Segundo Império. Uma das razões para tal reforma seria acabar com o dédalo das ruas da cidade, estreitas e tortuosas, onde facilmente os revoltosos levantavam barricadas e afrontavam as  forças da ordem. O movimento dos “coletes amarelos” parece desmentir a eficiência do projecto (Maio de 68 já o desmentira), embora os meios, hoje em dia, sejam outros: tanto do lado dos revoltosos, como do das polícias.



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