Destapo a
caixa do amor com o sobressalto de quem mexe
no mais
inseguro dos objectos. Não sei o que tem dentro,
nunca soube,
mesmo naquele tempo em que a tua boca
corria o meu
corpo e as noites não prenunciavam
nenhum gume
de sombra. Reinvento, pois, o amor:
caixa de
Pandora com os seus ventos demolidores
e as suas
praias violentas de ternura e cio,
ou sémen de
palavras apetrechadas de asas
com os olhos
glaucos duma deusa ao fundo?
Faço por
acreditar na sua verosímil bondade
com a mesma
força com que se acredita numa pedra
ou num
fruto. Mas não estou seguro de nada. Apenas
sei do corpo
com que me encontro e do cerco de luz
que não ouso
romper.
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