Quem traz o outono ao meu jardim agora?/ Quem muda em cinza o fogo do meu lar?/ E quem soluça em mim? Quem é que chora?
Teixeira de Pascoaes, Elegias.
Quando se pagavam os versos a peso de ouro por Augusto César, que sabe Deus se seria, ou não seria, era porque era um só Virgílio o que poetizava; mas hoje que se comutaram a poetas todas as sete pragas do Egipto, quem quereis vós que os farte, quanto mais que os enriqueça? --- D. Francisco Manuel de Melo, "Hospital das Letras".
4 comentários:
Lindo. As palavras certas para este quase início de Outono.
Eu não sabia que Amarante era tão bonito. Obrigada. Descansa. Muitos vão beneficiar do teu descanso. Faz mais fotos...
Manela e Joca:
Além de histórica e religiosamente importante, a região amarantina viu nascer os escritores Teixeira de Pascoaes, Agustina Bessa Luís e Alexandre Pinheiro Torres, assim como os pintores Amadeo Souza Cardoso e António Carneiro. Destes, tem o museu municipal uma apreciável colecção dos seus quadros. Se Amadeo é vastamente conhecido, António Carneiro, um pouco no esquecimento, foi um pintor influenciado pelo simbolismo francês, e, não por mero acaso,também foi poeta.
Amarante
Se voltei a Amarante depois daquela vez adolescente, não me recordo. Recordo sim, a volta no bote a remos, a cintilação ofuscante da luz reverberando na quietude da água, as umbrosas margens, as cascatas de verde dos salgueiros; o quadro de paisagem emblemática, a ponte, a massa recortada de ângulos e torres da igreja e convento de S. Gonçalo...
Houve, recordo, um momento mágico acima de todas as emoções: descobrir o claustro, um espaço, forma e proporções que eu nunca antes tinha visto nem sentido.
Muitos, mesmo muitos anos se passaram: a fotografia que tirei naquela altura, revelada a preto e branco, em papel mate, já ligeiramente moída do tempo, e a memória, remetem-me para outros momentos, outros sobressaltos, mais recentes, e procuro uma ligação, uma referência que não encontro: é que, para mim, aquele claustro é arquitectura chã. Pela época, pelo estilo, entre o maneirismo e o barroco...mas o amigo Kubler não o cita, nem ao conjunto construído notável de que faz parte, na sua obra sobre o tema.
Amarante, uma óptima ideia... Ainda viremos a ter, a propósito deste sítio, motivos para agradecer ao Manuel, para além desta partilha e despertar de evocações?
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