segunda-feira, setembro 26, 2011

JOÃO CABRAL DO NASCIMENTO (Funchal, 1897 - Lisboa, 1978)

Retrato de João Cabral do Nascimento por Abel Manta


Fernando Pessoa elogiou o seu primeiro livro, As Três Princesas Mortas num Palácio em Ruínas (1916), dizendo ter visto no autor “qualidades de imaginação e inteligência que podem fazer dele um poeta inadjectivável”.
Vasco Graça Moura diz encontrarem-se na sua escrita ecos que vão da poesia finissecular a Eugénio de Castro e Mário de Sá-Carneiro.
Tem vasta obra no domínio da poesia e da historiografia. Formado em Direito pela Universidade de Coimbra, dedicou-se ao ensino e foi director do Arquivo Histórico da Madeira.


EPIGRAMA

Deixarei vir a noite, a noite escura,
Porque sei que regressa o claro dia.
Verei cair a chuva, sossegadamente,
Porque sei que após ela o sol há-de raiar.
Assistirei tranquilo
Ao decurso do Inverno, porque sei
Que ao fim dessa jornada
Desponta a Primavera – lúcida promessa
Enfim cumprida!

Mas como hei-de deixar correr a vida?

(Digressão, 1953)

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