
segunda-feira, julho 18, 2011
UM NOVO BLOGUE

quarta-feira, julho 13, 2011
sábado, julho 09, 2011
quinta-feira, julho 07, 2011
A " LONGA MANUS" DA JUSTIÇA PORTUGUESA
O Ministério Público solicitou um parecer à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) no âmbito da investigação aberta após queixa contra as agências de 'rating'. [Fonte: DN]
Não é impunemente que se dão murros no estômago do Primeiro-Ministro de Portugal. Força contra as forças obscurantistas dos mercados! Cavaco Silva, insuspeitíssima figura, será arrolado como testemunha; Sócrates, a estudar Filosofia em Paris, fará o seu depoimento por escrito. O País tem finalmente um novo Timor, uma nova causa. Podia parecer que nos faltava um Baltasar Garzón, mas não. “Avancemos sem medos” contra a barbárie capitalista!
Não é impunemente que se dão murros no estômago do Primeiro-Ministro de Portugal. Força contra as forças obscurantistas dos mercados! Cavaco Silva, insuspeitíssima figura, será arrolado como testemunha; Sócrates, a estudar Filosofia em Paris, fará o seu depoimento por escrito. O País tem finalmente um novo Timor, uma nova causa. Podia parecer que nos faltava um Baltasar Garzón, mas não. “Avancemos sem medos” contra a barbárie capitalista!
domingo, julho 03, 2011
"PATOLOGIA SOCIAL"
O Primo Basílio, novo romance de Eça de Queirós, é um fenómeno artístico revestindo um caso patológico. Para bem se compreender esta obra é preciso discriminar o que nela pertence à jurisdição da arte e o que pertence aos domínios da patologia social.
Eis a doença que êste livro acusa: – A dissolução dos costumes burgueses.
O mais característico sintoma dêsse mal é a falsa educação. A educação burguesa tem um defeito fundamental: mantém na mulher a mais terrível, a mais perigosa de todas as fraquezas. Esta fraqueza consiste no seguinte: No fundo mais íntimo e mais secreto da sua existência de artifício e de aparato, a burguesa sente-se conscenciosamente mesquinha e reles. Vamos ver porquê.
Veja-se em As Farpas de Ramalho Ortigão, tomo IX, Lisboa, Livraria Clássica Editora, 1944, pp. 245-262
Eis a doença que êste livro acusa: – A dissolução dos costumes burgueses.
O mais característico sintoma dêsse mal é a falsa educação. A educação burguesa tem um defeito fundamental: mantém na mulher a mais terrível, a mais perigosa de todas as fraquezas. Esta fraqueza consiste no seguinte: No fundo mais íntimo e mais secreto da sua existência de artifício e de aparato, a burguesa sente-se conscenciosamente mesquinha e reles. Vamos ver porquê.
Veja-se em As Farpas de Ramalho Ortigão, tomo IX, Lisboa, Livraria Clássica Editora, 1944, pp. 245-262
sábado, julho 02, 2011
VÓRTICES
Um dos vórtices da minha existência, tumultuoso e belo, foi quando me apaixonei aos catorze anos. Ela tinha a pele muito branca, os cabelos negros de azeviche, era uma menina da escola e sabia de mim da mesma forma que a flor sabe da abelha que lhe toma o néctar. Ou seja, não sabia! Não me declarei em tempo oportuno, nem sei se tão denodado acto teria tido algum efeito útil, e quando menos esperava já ela namorava com um colega meu.
O problema, para mim, era insuperável. A jovem morava na rua da escola, cem metros abaixo, quase a chegar ao Largo do Calvário do cinema Promotora e da esquadra da PSP. Cem metros era espaço curto para uma declaração vorticista que nunca poderia acontecer no pátio escolar ou nas escadas e corredores do velho edifício da Rua da Creche.
Rua da Creche, do bairro típico de Alcântara. A creche, de que recebeu o nome, ficava mais acima, na Calçada da Tapada. Quem por lá passar, ainda hoje pode ver, inscrita no frontispício dum velho edifício, a palavra “parvulário” – do latim parvulus, que quer dizer criança ainda pequena. Parvulário era um infantário, uma creche – coisas e nomes do tempo erudito da I República!
Esta Rua da Creche é histórica. Era lá que morava, num rés-do-chão revestido de marmorite e com cortinas de renda nas janelas, o mestre Fonseca, professor de dactilografia e caligrafia que escreveu livros e críticas de televisão com o sibilante pseudónimo de Mário Castrim. Foi ele que me publicou uns poemas no Diário de Lisboa – Juvenil, ou, melhor dizendo, publicou dois ou três poemas e deitou para o caixote do lixo uns vinte ou trinta. Como eu lhe agradeço a medida higiénica! Que a terra te seja leve, meu Mestre!
Foi nesta rua que a Pide matou José Dias Coelho, o pintor da balada de José Afonso, e eu estava lá para ouvir o tiro e não saber nada do que acontecera. A Rua da Creche chama-se hoje Rua José Dias Coelho e uma lápide atesta, no local, o hediondo crime.
O problema, para mim, era insuperável. A jovem morava na rua da escola, cem metros abaixo, quase a chegar ao Largo do Calvário do cinema Promotora e da esquadra da PSP. Cem metros era espaço curto para uma declaração vorticista que nunca poderia acontecer no pátio escolar ou nas escadas e corredores do velho edifício da Rua da Creche.
Rua da Creche, do bairro típico de Alcântara. A creche, de que recebeu o nome, ficava mais acima, na Calçada da Tapada. Quem por lá passar, ainda hoje pode ver, inscrita no frontispício dum velho edifício, a palavra “parvulário” – do latim parvulus, que quer dizer criança ainda pequena. Parvulário era um infantário, uma creche – coisas e nomes do tempo erudito da I República!
Esta Rua da Creche é histórica. Era lá que morava, num rés-do-chão revestido de marmorite e com cortinas de renda nas janelas, o mestre Fonseca, professor de dactilografia e caligrafia que escreveu livros e críticas de televisão com o sibilante pseudónimo de Mário Castrim. Foi ele que me publicou uns poemas no Diário de Lisboa – Juvenil, ou, melhor dizendo, publicou dois ou três poemas e deitou para o caixote do lixo uns vinte ou trinta. Como eu lhe agradeço a medida higiénica! Que a terra te seja leve, meu Mestre!
Foi nesta rua que a Pide matou José Dias Coelho, o pintor da balada de José Afonso, e eu estava lá para ouvir o tiro e não saber nada do que acontecera. A Rua da Creche chama-se hoje Rua José Dias Coelho e uma lápide atesta, no local, o hediondo crime.
A morte saiu à rua num dia assim
Naquele lugar sem nome para qualquer fim
Uma gota rubra sobre a calçada cai
E um rio de sangue de um peito aberto sai.
Naquele lugar sem nome para qualquer fim
Uma gota rubra sobre a calçada cai
E um rio de sangue de um peito aberto sai.
Foi num dia de Dezembro ao principio da noite, fazia frio nas ruas e nas almas. Um vórtice.
sexta-feira, julho 01, 2011
"Abandono" (Fado de Peniche) - Amália Rodrigues
Por teu livre pensamento
Foram-te longe encerrar.
Tão longe que o meu lamento
Não te consegue alcançar.
E apenas ouves o vento
E apenas ouves o mar.
Levaram-te, a meio da noite:
A treva tudo cobria.
Foi de noite, numa noite
De todas a mais sombria.
Foi de noite, foi de noite,
E nunca mais se fez dia.
Ai! Dessa noite o veneno
Persiste em me envenenar.
Oiço apenas o silêncio
Que ficou em teu lugar.
E ao menos ouves o vento
E ao menos ouves o mar.
(Cantado ontem por Cristina Branco no espectáculo de encerramento das Festas de Lisboa.)
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