domingo, novembro 16, 2008

A IMPERTINÊNCIA DE SENTIR ( XII )

A leitura de O Último Cabalista de Lisboa, de Richard Zimler, leva-me de viagem para outro livro: Consolação às Tribulações de Israel, de Samuel Usque, obra-prima da literatura de língua portuguesa do século dezasseis, publicado em Ferrara, Itália, no ano de 1553.
Em ambos os livros (o de Zimler apresenta-se como a transposição literária de um manuscrito da diáspora sefardita), recordamos a intolerância e as exprobações sofridas por uma comunidade laboriosa que apenas aspirava à liberdade de religião e ao respeito pelas suas ancestrais tradições.
Após o massacre de Lisboa de 1506 (a que recentemente se ergueu, junto da Igreja de S. Domingos, um belo memorial) e durante o reinado inquisitorial do Piedoso, milhares de judeus abandonaram o país com prejuízo da economia, da ciência e da cultura portuguesas. Tudo por causa da cristianíssima fé dos reis, do clero fanático e do povo ignaro.

2 comentários:

Ricardo António Alves disse...

É verdade, um memorial comovente...
Tenho de ler o Zimler...

Manuel Nunes disse...

É o mínimo que se exigia perante a injustiça histórica.
O livro de Zimler está este mês na Comunidade de Leitores de S. Domingos de Rana.
Estou a ver se consigo ir numa próxima vez à da Casa-Museu Ferreira de Castro.
Grande abraço,