sexta-feira, setembro 01, 2006

MEMÓRIA DA GUERRA PENINSULAR

Goya - Os Fuzilamentos da Moncloa


Domingos António de Sequeira - Junot Protegendo a Cidade de Lisboa

Em 30 de Agosto de 1808 era assinada a Convenção de Sintra entre Jorge Murray, tenente general do quartel mestre general das tropas britânicas, e Kellermann, general de divisão do exército de Junot, pondo fim à primeira invasão francesa. Foi um pacto indigno, que até em Inglaterra suscitou clamores, permitindo a retirada dos franceses com armas e bagagens, incluindo o saque, em navios disponibilizados pelos nossos aliados britânicos.
As ilusões que alguns intelectuais portugueses depositaram no vendaval napoleónico, aniquilador do Antigo Regime e da aliança entre o trono e o altar, cedo se desvaneceram perante a pérfida conduta da soldadesca gaulesa sob o mando de Junot, duque de Abrantes, antigo embaixador no nosso país, que chegou a alimentar o sonho de se tornar rei de Portugal. Veja-se a este propósito a obra El-Rei Junot de Raul Brandão.
Ilusões bem patentes em Domingos António de Sequeira, pintor pré-romântico, criador do célebre quadro Junot Protegendo a Cidade de Lisboa.
Depois de Junot teríamos ainda a protecção de Soult e a de Massena, só ficando livres da praga francesa em 1811. Os ingleses, esses, ainda por cá ficaram mais uns tempos, até 1820, ano da Revolução Liberal.
Em Espanha – onde Napoleão usurpou o trono e colocou como rei, em Madrid, o seu irmão José Bonaparte – Goya também acreditou no vendaval de liberdade que a França prometia. Logo se desenganou, deixando-nos mais tarde, em 1814, no quadro Os Fuzilamentos da Moncloa, o testemunho da trágica noite de 3 de Maio de 1808, o massacre de patriotas espanhóis pelos invasores franceses.

D.E.

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