PAUL GAUGUIN (1848-1903). 1. Cristo Amarelo, 1889, Albright-Knox Art Gallery; 2. Retrato do Artista com Cristo Amarelo, 1889, Musée d' Orsay.
quarta-feira, março 23, 2016
domingo, março 13, 2016
"DO MAR OUVE-SE A VOZ GRAVE E AFLITIVA" - Antero de Quental - gravado no monumento - Santa Cruz, 1870
Gosto muito
da praia de Santa Cruz. No Verão, por vezes, nem dá para reparar em certas coisas. Como estes monumentos a Antero Quental,
João de Barros e Kazuo Dan, poeta japonês do pós-guerra – todos frequentadores
daquelas águas e daqueles ares atlânticos.
quinta-feira, março 03, 2016
CANTIGA
S´obedecera à razão,
e resistira à vontade,
eu vivera em liberdade,
e não tivera paixão.
Mas quando já quis olhar
s´em algum erro caíra,
achei ser tudo mentira,
s´a isto chamar errar.
Que seguir sempre razão,
e não mil vezes vontade,
é negar sensualidade,
cujo é o coração.
DUARTE DE RESENDE
Fólio CXCIX vº.
e resistira à vontade,
eu vivera em liberdade,
e não tivera paixão.
Mas quando já quis olhar
s´em algum erro caíra,
achei ser tudo mentira,
s´a isto chamar errar.
Que seguir sempre razão,
e não mil vezes vontade,
é negar sensualidade,
cujo é o coração.
DUARTE DE RESENDE
Fólio CXCIX vº.
sexta-feira, fevereiro 26, 2016
NOS BOSQUES DA FICÇÃO
Agora que és
sombra e nuvem nas colinas brancas
25-02-2016
da
eternidade, vêm-me à memória aqueles passeios
nos bosques da ficção, (...)25-02-2016
quarta-feira, fevereiro 24, 2016
A NOSSA FOME DE ILHAS
(...)
sentamo-nos
a esta mesa, ante a cortina de grades,
desafiando
as árvores e a ordem natural das coisas.
Sonhamos
então a nossa fome de ilhas, destinos
longínquos
como (...)
22-02-2016
domingo, fevereiro 14, 2016
TARKOVSKY, OBRA COMPLETA
No cinema Nimas durante o mês de Fevereiro. Entre ontem e
hoje vi os dois primeiros filmes da mostra: Andrei
Rublev (1966) e Nostalgia
(1983). O terceiro, a partir de terça-feira, é O Sacrifício (1986).
terça-feira, fevereiro 09, 2016
segunda-feira, fevereiro 01, 2016
MADRUGADA ALTA
Le Douanier Rousseau, "O Sonho"
Preparava-se para partir de autocarro
para a Alemanha com uma amiga. O local de encontro era em frente de uma casa
apalaçada do século XIX. Chegou bem a horas, o contentamento da viagem cantando-lhe
nos olhos. Mas a casa… A casa, dizia-se, tinha um quarto em estilo fin de siècle que servira a Marcel
Proust para uma das suas descrições literárias. Na Recherche? Disso não se lembra, mas provavelmente sim. Entrou na
casa em devassa dos interiores artísticos, a demorada recolha de fotografias,
de todos os ângulos. Quando consultou as horas no telemóvel, já passara o tempo
da saída do autocarro. Ainda correu, em vão, não viu o autocarro nem a amiga. O
telemóvel indicava uma mensagem recebida, mas já não teve sonho para a abrir.
(1-2-2016, madrugada alta.)
quinta-feira, janeiro 28, 2016
ESCRITORES DE VILA FRANCA DE XIRA
SOEIRO PEREIRA GOMES, ÁLVARO GUERRA e ALVES REDOL num muro da ciclovia/caminho pedonal ribeirinho entre Alhandra e Vila Franca de Xira (foto de Agosto de 2015).
quarta-feira, janeiro 27, 2016
O ALEPH, DE BORGES
He visto, como el griego, las urbes de los hombres, / Los trabajos, los dias de varia luz, el hambre;/ No corrijo los hechos, no falseo los nombres,/ Pero el voyage que narro, es… autour de ma chambre.
--- Carlos Argentino Daneri
(personagem de “O ALEPH”) no Canto Augural do seu poema “A TERRA” ---
De que fala este conto? – Da inutilidade das viagens físicas e do
elogio das viagens interiores? – Talvez. Será o Aleph esse ponto interior de nós onde
tudo pode ser visto e sentido sem se sair do mesmo lugar? Lembro-me do que
disse aquele ajudante de guarda-livros dum escritório da Rua dos
Douradores. Mais ou menos isto: «Viaje com o corpo quem não souber viajar com a
alma.» Contra mim falo, mas não deixo de lhe dar razão.
terça-feira, janeiro 26, 2016
PRAIA DA AREIA BRANCA
Fotos de 24-1-2016 com poema de SIDÓNIO MURALHA (1920-1982), poeta do "Novo Cancioneiro" - manifestação colectiva da poesia neo-realista.
Na praia da Areia Branca
os búzios não falam só do mar
– falam das pragas, dos clamores,
da fome dos pescadores
e dos lenços tristes a acenar
os búzios não falam só do mar
– falam das pragas, dos clamores,
da fome dos pescadores
e dos lenços tristes a acenar
Búzios da praia da Areia Branca:
– um dia,
haveis de falar
unicamente do mar.
--- Do livro “Passagem de Nível”, 1942
– um dia,
haveis de falar
unicamente do mar.
--- Do livro “Passagem de Nível”, 1942
quinta-feira, janeiro 21, 2016
EL DORADO (1966), DE HOWARD HAWKS
Gaily bedight,
A gallant knight,
In sunshine and in shadow,
Had journeyed
long,
Singing a song,
In
search of Eldorado.
Primeira estrofe do poema "Eldorado", de Edgar Allan Poe, cujos versos são ditos por quatro vezes, ao longo do filme, pela personagem Mississipi (James Caan). Um western em que se subvertem alguns códigos do género: não é normal um vingador - fraco a disparar, mas exímio manobrador de facas - ter uma provisão de poesia no seu discurso; não é normal os heróis (Robert Mitchum, xerife, e John Wayne, ajudante) acabarem a aventura em estado lastimável, amparados em muletas, mais prontos para a reforma do que para continuarem a luta em prol da ordem. Passou hoje na Cinemateca.
Poema completo aqui:
terça-feira, janeiro 19, 2016
5 FRASES E 1 DÍSTICO
A política é uma forma de distribuir
dinheiro.
*
Ler não é agir.
*
A inteligente gente é zombeteira.
*
Nunca me arrependi de ter desistido.
*
Não se mandam cartas de amor
registadas.
*
ART POÉTIQUE
De
l´amour
avant
toute chose
– ADÍLIA LOPES, Dobra – Poesia Reunida.
segunda-feira, janeiro 18, 2016
DAVAM GRANDES PASSEIOS AOS DOMINGOS...
«Talvez um certo provincianismo cultural, e uma luta pelo hegemonismo cultural por parte dos neo-realistas, na segunda metade da década de 30 e princípios da de 40, expliquem a agudização da conflitualidade entre os dois movimentos [Neo-Ralismo / Presença]. Parece-nos, por exemplo, que uma novela belíssima como Davam Grandes Passeios aos Domingos (1941), de José Régio, onde o drama amoroso de Rosa Maria se articula magistralmente com os códigos socioculturais provincianos poderia caber perfeitamente no campo neo-realista.» -- VÍTOR VIÇOSO, A Narrativa no Movimento Neo-Realista. Algo em que nunca havia pensado, diga-se, na parte que respeita ao neo-realismo da novela.
domingo, janeiro 17, 2016
ALFAMA, FONTE DO POETA
«Toda Lisboa mais ou menos culta
assumia perante o poeta-esteta João Salvador* uma posição complicada e peculiar:
pois ao mesmo tempo o admirava (ou não sabia se devia admirá-lo), o desprezava
um pouco, repetia a seu respeito anedotas indecorosas, o temia pela sua língua
delicadamente viperina, e alimentava por ele uma curiosidade que o próprio se
empenhava em açular sem satisfazer. (…) Uma popularidade pouco invejável,
diziam os moralistas e puritanos. Até alguns colegas o diziam; – e colegas em
todos os sentidos, embora alguns secretos. Os versos destes eram vulgares, por
isso eram estes que mais o odiavam e invejavam. (…) Na geral curiosidade que o
envolvia, sobrelevava a da sua origem (que ele caprichava em ocultar): Donde
teria vindo? Em que meio se gerara e criara? Talvez em Alfama, (…) » – JOSÉ RÉGIO em Vidas São Vidas, quarto romance do ciclo A Velha Casa.
* João
Salvador é uma transposição ficcional do poeta António Boto.
sábado, janeiro 16, 2016
"NOVO CANCIONEIRO"
Dez livros de poesia publicados em
Coimbra entre 1941 e 1944 – obras de Fernando Namora, Mário Dionísio, João José
Cochofel, Joaquim Namorado, Álvaro Feijó, Manuel da Fonseca, Carlos de
Oliveira, Sidónio Muralha, Francisco José Tenreiro e Políbio Gomes dos Santos. Primeira
grande manifestação colectiva do neo-realismo português, rompe com a estética
do movimento da presença de José Régio, João Gaspar Simões e Adolfo
Casais Monteiro. À poesia centrada no indivíduo e nos seus dramas interiores, a
geração neo-realista responde com uma poética aberta ao social e à luta de
classes.
«A poesia não está nas olheiras
imorais de Ofélia / nem no jardim dos lilases. // (…) A poesia está na luta dos
homens, / está nos olhos rasgados abertos para amanhã.» – MÁRIO DIONÍSIO, “Arte Poética”, Poemas (1941).
sexta-feira, janeiro 15, 2016
THE RETURN OF THE REAL
THE RETURN OF THE REAL, de Hal
Foster
Quatro
conferências de Sílvia Chicó na CASA DA
ACHADA:
16 de
Janeiro, 16 horas – O porquê da importância deste ensaio.
6 de
Fevereiro – Conceptualismo: antecedentes, razões e consequências.
27 de
Fevereiro – O porquê da recuperação dos temas eternos da arte: paisagem,
retrato e natureza morta.
12 de Março –
Arte e actualidade: procura de raízes culturais.
quinta-feira, janeiro 14, 2016
quarta-feira, janeiro 13, 2016
EM LISBOA,
ao fim da tarde de segunda-feira, sobre o Campo das Cebolas. Lembro-me da personagem José Anaiço
e do bando de estorninhos em A Jangada de
Pedra. A Memória, essa deusa de subtis efeitos!
terça-feira, janeiro 12, 2016
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