Em Jacques o Fatalista, de Diderot, é
contada a história do mau poeta que o narrador (Diderot, ele mesmo) aconselha a
ir para Pondichéry, feitoria francesa da costa oriental da Índia, para aí tentar
fazer fortuna com um negócio de joalheiro. Se o mau poeta se tornasse rico em
Pondichéry (como veio a acontecer), continuaria certamente a fazer maus versos,
mas teria o conforto da fortuna na sua gorada subida ao Monte Parnaso.
Nos doze
poemas de O Poeta de Pondichéry (1986),
Adília Lopes glosa as venturas e desventuras desta personagem de Diderot. Pela
correspondência literária do enciclopedista, sabe-se que ela existiu na vida real com o apelido de Viguier (nota de rodapé de Pedro Tamen,
tradutor da obra para a edição da Tinta da China).
Ainda bem
que o homem enriqueceu com os seus negócios: ser mau poeta e ainda por cima
pobre é fardo difícil de suportar.
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