segunda-feira, março 03, 2014

OS JORNAIS DA MANHÃ


Os jornais da manhã
os das grandes parangonas
e dos silêncios cobardes
esses que cheiram tanto a tinta
e sujam os dedos de quem os lê
e sujam o espírito de quem os lê

se a verdade tivesse a estrutura dos caracteres de imprensa
ou se se nutrisse do óleo das rotativas
talvez os ardinas não andassem descalços

os jornais da manhã
os da romântica génese nocturna
os jornais dos enormes silêncios
e das gritarias eufóricas
mas podres
os jornais cheios de fotografias
(para analfabetos)
os jornaizinhos

 
3. Outubro. 1967

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