sábado, dezembro 22, 2012

Poema de NataL


De novo o alarde rútilo dos luzeiros de NataL, o colorido
das árvores, a música que alastra sobre o plasma
da noite. Estou do lado de cá da festa, na margem
do passeio, rente à sombra dos muros por onde crescem,
quando é tempo, os  braços meigos das buganvílias.
Vejo de fora, através das janelas, o recorte de lentas
figuras de cera. Transportam no bojo, como numa
mala, a inexequível persuasão da vida, o pano gasto
de alegrias reeditadas em cada época. Nada me move,
nada me comove. Peço-te, por isso, que não venhas
agora: para além do mais seria de mau gosto
e nada adiantaria ao nosso caso. Deixa que se extingam
as volutas da quadra e procura-me depois, pela manhã
de um tempo mais verdadeiro e mais humano.

 JOSÉ RAFAEL

4 comentários:

Ricardo António Alves disse...

Bom, como de costume. Abraço

Manuel Nunes disse...

Caro Ricardo, o José Rafael agradece. Grande abraço.

Joca disse...

Para quando um livro do poeta José Rafael? Seria um bom acontecimento de 2013...

Maria Amélia disse...

JOCA: para sonhar é melhor a dormir!