quarta-feira, julho 11, 2012

JOSÉ RÉGIO (1901-1969) E O SEU REGATO DE NARCISO

... Não porque não viajasse! O mundo é vasto
Mas repete-se, e é fácil esgotá-lo…
Se uma vez viste o céu com olhar casto,
Que outro céu poderá ultrapassá-lo?
(…)
E em tudo, o que vi eu? Um homem!: eu;
Eu…, – que alonguei meu metro e tal de altura
Às infinitas amplidões do céu
E ao ventre a arder da Madre Terra obscura ;
(…)
Que o nada do meu nada é que me é tudo!
(…)
Na voz do mar só me ouço a mim, que choro;
Nos lamentos do vento, a mim me escuto;
Sei ver o luto e a dor…, mas que deploro
Na alheia dor senão meu próprio luto?
(…)
Eis-me…!... Mas quando, como, onde, buscando
No meu regato de Narciso (…)
(…)
Nesta ora adoração do próprio umbigo
(…)

Do poema "Sarça Ardente", último livro de As Encruzilhadas de Deus

4 comentários:

باز راس الوهابية وفتواه في جواز الصمعولة اليهود. اار الازعيم-O FLUVIÁRIO NO DESERTO disse...

... Não porque viajasse! O mundo não me basta

repete-se, e é fácil esgotá-lo…

eu deus velho que a memória afasta

desejo ao mundo só poder pará-lo..


Se vi o limpo olympo com olhar gasto,

na sua gelatinosa firmeza

nunca se dirá que o olhar afasto

para mi solidez é vã fraqueza

e em mim gordura é ventura

na gelatina só vejo beleza (zézé)

e a sólida virtude e falsa cura


Que outro olympo ultrapassará quem perjura?
(…)
E no mundo, o que é meu?

Tudo!!!Sou Ares…,alonguei meu metro e tal de altura

Às infinitas amplidões do eu

E no ventre a arder da pobre vida obscura ;
(…)
Que o nada do meu nada é que me dá gosto!
(…)
Na voz do mar só me ouço a mim, que peroro;

Nos ventos os portentos de mim eu escuto;

Sei ver os ais e os gritos…, que deploro

e ouço as paisagens do massacre e do luto
(…)

Ontem matava por angústias e iras

hoje posso enfim matar por gosto

é na crise que eu acendo as piras

com que alegro meu velho rosto


Eis-me…!... Mas quando, como, onde, buscando
oceanos de sangue de que preciso
(…)
na terra severa sou Ares ganhando

a adoração de mim próprio qual Narciso
(…)

regatos gayatos

de narcisos imprecisos

desculpo-te esse ardor que te inflama

mas régio é animal de fraca chama

Manuel Nunes disse...

Obrigado pelo belo comentário-poema. De chamas (fracas e fortes) não sei nada. Percebo mais de fogos fátuos e auroras boreais. Quanto ao resto, inteiramente de acordo.

Para a Posteridade e mais Além disse...

fogos fátuos issé fatela
são só CH4 metano que nos aquece via esquecimente globale

auroras bore i ais tem agora muitas cause do flash solar que vai até 2013 (máxima solar in junho creyo...

de resto de boreas só ...

já do euro esse vento de leste filho de éolo...tude ok

Para a Posteridade e mais Além disse...

Surge Janeiro frio e pardacento, Descem da serra os lobos ao povoado; Assentam-se os fantoches em São Bento E o Decreto da fome é publicado. Edita-se a novela do Orçamento; Cresce a miséria ao povo amordaçado; Mas os biltres do novo parlamento Usufruem seis contos de ordenado. E enquanto à fome o povo se estiola, Certo santo pupilo de Loyola, Mistura de judeu e de vilão, Também faz o pequeno "sacrifício" De trinta contos - só! - por seu ofício Receber, a bem dele... e da nação.

se ele soubesse o poucochinho que eses 30 contitos deram de tuberculose nesses tempos
e de estádios a crédito nas 900 tones de gold amealhadas pelo sovina...

e é anti-semita o régio....