
Trata-se de um texto denso, perturbador, no qual a virtude e o vício, o bem e o mal, o amor e o ódio se assumem muitas vezes como categorias indistinguíveis. Sem Deus, ou apesar de Deus, nada mais resta ao sujeito individual, outrora uno, que a aventura da dispersão e do estilhaçamento: ser ele e o outro, e tudo ao mesmo tempo. É assim que lendo este José Régio não podemos deixar de nos lembrar de alguns textos de ficção de Mário Sá-Carneiro.
(Ilustração: reprodução do óleo sobre tela Poeta de Deus e do Diabo, de Ventura Porfírio, datado de 1958; Casa-Museu José Régio, Portalegre.)