domingo, janeiro 18, 2015

XANADU DO AMOR (1)


“Ele pensa que ela tem uma vida secreta, uma zona de sombra que não revela aos amigos nem aos familiares mais directos.”
“Como assim?”, estranhou Lotário, passando os dedos pelo feltro duro do seu novo fez, acabado de estrear.
“Ela é demasiado equilibrada e forte para uma mulher que se diz sozinha, sem homem.”, acrescentou Mandrake, enquanto fazia desaparecer, num passe de mágica, a laranja fulva que tinha na mão. “Está apaixonado, já entrou naquela zona de perigo de onde só a magia o pode tirar.”
“Estou a ver”, articulou Lotário no seu falar arranhado, “mas é um caso que não nos diz respeito, acho .”
Mandrake anuiu com um gesto subtil de mãos. Xanadu respirava silêncios e tecnologias, o fim do dia alaranjava-se de sonho. E disse:
“Mas temos de o ajudar. Pela magia, pela hipnose ou por qualquer outra via. O amor…”
Mandrake pensava em Narda, e calou-se.  

1 comentário:

Joca disse...

Uau! Mandrake! Um dos meus preferidos...:)