segunda-feira, julho 30, 2012

"FEDRA" de Racine, um palimpsesto

Palimpsesto é, segundo o dicionário Houaiss, um “papiro ou pergaminho cujo texto primitivo foi raspado para dar lugar a outro.” 
O conceito liga-se em literatura ao de intertextualidade, a possibilidade infinita de os textos dialogarem com outros textos. Escreveu Fernando Pessoa/Ricardo Reis: “Deve haver, no mais pequeno poema de um poeta, qualquer coisa por onde se note que existiu Homero.”
Fedra de Racine é um desses pergaminhos em que se escreveu sobre textos “raspados” de Eurípedes, Sófocles, Séneca e de toda a vasta tradição oral dos antiquíssimos mitos.
Se Thomas de Quincey via o cérebro humano como um palimpsesto (sobreposição de inumeráveis camadas de ideias, imagens e sentimentos), Baudelaire apontava nos Paraísos Artificiais a diferença entre este palimpsesto da criação divina e o literário: o caos fantástico e grotesco do primeiro face à fatalidade artística e harmoniosa do segundo.
 

quarta-feira, julho 25, 2012

A DEUS O QUE É DE CÉSAR

"Este governo é profundamente corrupto" - D. Januário Torgal Ferreira, bispo das Forças Armadas.
Diabinhos negros... Vade retro Satana!

terça-feira, julho 24, 2012

"QUE SE LIXEM AS ELEIÇÕES"

A declaração de Passos Coelho é surpreendente e definidora da conta em que tem o povo português. Surpreendente porque introduz no discurso político mais uma bastardia lexical (longe vai o tempo em que os chefes da Nação se guiavam por padrões rigorosos de linguagem, quando saíam formados por Coimbra e outras universidades prestigiadas e não por escolas de vão de escada como as Lusíadas, as Lusófonas e outras que tais); definidora da conta em que tem o povo que o elegeu porque admite que esse mesmo povo possa ser capaz, naturalmente por estupidez, de não reconhecer o seu bom trabalho ao serviço da causa pública.
Se Passos e a sua trupe estão a fazer (e continuarão a fazer) um bom trabalho para salvar o País, se o povo o não reconhece e vai dar os votos aos Seguros, aos Jerónimos e aos Loucãs, então é porque o povo é estúpido ou não age como gente de bem. Pérolas a porcos, é o que Passos quer dizer.
Só que Passos não desiste. As forças de bloqueio em tempos invocadas  pelo pior presidente da república que Portugal já teve não o demoverão da sua missão! E essa missão é: pagar rapidamente e até ao último cêntimo os empréstimos e juros que são devidos à banca internacional – nem que para isso tenha de reduzir o povo à miséria e perder as próximas eleições. De facto, que interesse pode ter uma mísera vitória eleitoral num país pobre e atrasado se é possível aspirar a uma mais alta carreira fora da choldra? No FMI, no BCE, em Berlim, Frankfurt ou Nova Iorque há lugares que esperam pelos serventuários do capital financeiro internacional. Aqueles que, com as suas políticas, mandam o povo para o desemprego, nunca conhecerão em si semelhante flagelo. Portanto, QUE SE LIXEM AS ELEIÇÕES!

domingo, julho 22, 2012

SÃO PAULO, 22 DE JULHO DE 2010 - HÁ DOIS ANOS, NO OUTRO TEMPO

Museu da Língua Portuguesa
No mercado: o peixe
O almoço do bandeirante
 Pessoa no Museu da Língua Portuguesa
A catedral e o apóstolo
Autobiografices

sábado, julho 21, 2012

ENQUANTO NÃO CHEGAM OS JOGOS OLÍMPICOS...



A atleta australiana Michelle Jenneke - 100 m. barreiras - nos Mundiais de Juniores em Barcelona.
Um aquecimento perfeito e uma grande prova. 

quinta-feira, julho 19, 2012

NA ENCRUZILHADA

Álvaro Cunhal (1913-2005)
A humanidade chegou a uma encruzilhada. O momento não é favorável a longas hesitações. Cada qual tem que escolher um caminho: para um lado ou para o outro.
(…)
Aos homens cabe escolher e decidir.
(…)
Alguns desses homens afastam-se prudentemente, monologando acerca dos horrores da luta travada.
(…)
Afinal, essa fuga traduz uma escolha em frente da encruzilhada. Porque esses homens não se calam; antes aconselham os outros a irem ter com eles. São os cansados que pregam o cansaço. Os desalentados que pregam o desalento. Os solitários que pregam a solidão.
(…)
e ajeitam-se na incómoda posição de José Régio:
“Vergo a cabeça sobre o peito
Concentro os olhos sobre o umbigo”
(Encruzilhadas de Deus, Mitologia)
(…)
Entretanto esses solitários vão cantando o próprio umbigo, esquecendo que, assim, se servem do canto para servir os seus fins. Pois
… “bem sei que sou o meu único fim”
(José Régio – id., Poema do Silêncio)
(…)
Precisamente porque se está numa encruzilhada; precisamente porque a sorte de milhares de homens depende do caminho que será seguido; as atenções de todos aqueles que sentem a gravidade e importância  (…) dos momentos presentes, se concentram na possível saída do embaraço. Homens que assim sintam, apreciam e julgam as “obras do espírito” (e em particular as obras de arte) pelo que elas podem influir na direcção futura da humanidade. Da mesma forma, artistas que assim sintam, fazem naturalmente reflectir nas suas produções artísticas as preocupações que os obcecam. A única diferença entre estes artistas e os artistas solitários é que, enquanto a obcecação destes é o próprio umbigo, a daqueles é a sorte da humanidade.
(…)
--- ÁLVARO CUNHAL, Seara Nova, nº 615 de 27-5-1939, pp. 285-287.

quarta-feira, julho 11, 2012

JOSÉ RÉGIO (1901-1969) E O SEU REGATO DE NARCISO

... Não porque não viajasse! O mundo é vasto
Mas repete-se, e é fácil esgotá-lo…
Se uma vez viste o céu com olhar casto,
Que outro céu poderá ultrapassá-lo?
(…)
E em tudo, o que vi eu? Um homem!: eu;
Eu…, – que alonguei meu metro e tal de altura
Às infinitas amplidões do céu
E ao ventre a arder da Madre Terra obscura ;
(…)
Que o nada do meu nada é que me é tudo!
(…)
Na voz do mar só me ouço a mim, que choro;
Nos lamentos do vento, a mim me escuto;
Sei ver o luto e a dor…, mas que deploro
Na alheia dor senão meu próprio luto?
(…)
Eis-me…!... Mas quando, como, onde, buscando
No meu regato de Narciso (…)
(…)
Nesta ora adoração do próprio umbigo
(…)

Do poema "Sarça Ardente", último livro de As Encruzilhadas de Deus

segunda-feira, julho 09, 2012

AS GORDURAS DO ESTADO E O DÉFICE


Se os economistas e outros mestres do oculto não conseguem resolver o problema, recorram a nutricionistas ou comprem as pastilhas na farmácia. Aspirem as gorduras, e não venham morder mais no músculo de quem trabalha.

sexta-feira, julho 06, 2012

JOANA EMÍDIO MARQUES


Gosto muito destes cabides.

PALÁCIO RATTON - Uma jóia arquitectónica

Construído entre 1816 e 1822, o Palácio Ratton deve o nome a Diogo Ratton (1765-1822), seu primeiro proprietário, um importante industrial descendente de empreendedores que vieram para Portugal a coberto da política activa de desenvolvimento económico prosseguida pelo Marquês de Pombal.
Em estilo neoclássico de influência francesa, constitui um belo exemplar da arquitectura lisboeta.
Alberga hoje o Tribunal Constitucional, instituição que, segundo se diz, a troika pretende avaliar numa das suas próximas deslocações a Lisboa.