= Fotografia tirada por mim em Dezembro de 2019: monumento aos vencidos do 31 de Janeiro de 1891 no Cemitério do Prado do Repouso.
domingo, janeiro 31, 2021
"PAZ AOS VENCIDOS"
sábado, janeiro 30, 2021
A DERRADEIRA CONFISSÃO
sexta-feira, janeiro 29, 2021
GRANDE PLANO
quinta-feira, janeiro 28, 2021
O homem superior difere do homem inferior, e dos animais irmãos deste, pela simples qualidade da ironia. A ironia é o primeiro indício de que a consciência se tornou consciente. E a ironia atravessa dois estádios: o estádio marcado por Sócrates, quando disse «sei só que nada sei», e o estádio marcado por Sanches, quando disse «nem sei se nada sei».
= BERNARDO SOARES, ajudante de guarda-livros, Livro do Desassossego
quarta-feira, janeiro 27, 2021
O TEMPO
Tenho aqui sobre a mesa, sempre à mão, uma edição popular deste livro. Digo popular porque me custou dois ou três euros – já não me lembro com exactidão – num alfarrabista da cidade. É um livro sem preâmbulos, sem estudos, sem notas – apenas com o prefácio de Fernando Pessoa e a «autobiografia sem factos» do esforçado colaborador do guarda-livros Moreira e do controverso patrão Vasques.
Há bocado
abri o livro ao acaso – como algumas vezes sucede – e dei com os meus olhos
diante do fragmento nº 350 em que Bernardo Soares discorre sobre o sentido –
digamos metafísico – do tempo. Para
alguém sujeito ao jugo do Deve e
do Haver não está nada mal, constatação
válida para este fragmento e para todos os fragmentos do livro. Cito:
«Não sei o
que é o tempo. Não sei qual a verdadeira medida que ele tem, se tem alguma. A
do relógio sei que é falsa: divide o tempo espacialmente, por fora. A das
emoções sei também que é falsa: divide, não o tempo, mas a sensação dele. A dos
sonhos é errada; neles roçamos o tempo, uma vez prolongadamente, outra vez
depressa, e o que vivemos é apressado ou lento conforme qualquer coisa do
decorrer cuja natureza ignoro.»
Para mim,
pensador incipiente e de rebarbativos lapsos, o tempo é associado ao peso progressivo
da idade, à dispepsia e à fadiga dos órgãos, embora não seja dos que tenham,
por enquanto, as maiores razões de queixa. Como se vê, estou naquele círculo
das sensações e das emoções, logro em que não caía o avisado empregado do escritório
da Rua dos Douradores. Ele que assim fecha o seu fragmento sobre o tempo:
«Que coisa, porém, é esta que nos mede sem medida e nos mata sem ser? E é nestes momentos, em que nem sei se o tempo existe, que o sinto como uma pessoa, e tenho vontade de dormir.»
Tal e qual como eu, quando sofro os achaques nocturnos da minha carne
débil: tenho vontade de dormir, só que muitas vezes não consigo.
terça-feira, janeiro 26, 2021
UMA REVISTA DE HÁ 100 ANOS
segunda-feira, janeiro 25, 2021
PRESIDENCIAIS 2021 bis
domingo, janeiro 24, 2021
PRESIDENCIAIS 2021
Noite igual por dentro ao silêncio. Noite
Com as estrelas lantejoulas rápidas
No teu vestido franjado de Infinito.
sexta-feira, janeiro 22, 2021
PEIXOTO À BEIRA-RIO bis
quinta-feira, janeiro 21, 2021
quarta-feira, janeiro 20, 2021
mezzo liveHD
terça-feira, janeiro 19, 2021
ORTHOGRAPHIA REPUBLICANA
segunda-feira, janeiro 18, 2021
PEIXOTO À BEIRA-RIO
PINACOTECA
domingo, janeiro 17, 2021
CONFINAMENTO, DIAS 2 e 3
Claro que não é admissível o alarde
de alguns, deixando-se fotografar em restaurantes ilegalmente abertos, porque o
perigo, o grande perigo, vem justamente desses convívios de mesa e salão em que
as defesas se reduzem ao mínimo. Bem dizia aquele clone do nosso rei Carlos de
Bragança, subdirector da D.G.S. ou coisa que o valha, que o consumo social de
bebidas alcoólicas potencia o risco.
Porém, vistas bem as coisas, como
poderia este confinamento ser igual ao outro? Há gente a trabalhar, a
frequentar escolas, a ir aos supermercados e a dar o seu passeiozito higiénico.
Querem que as pessoas se aprisionem nas suas próprias casas e venham para as janelas às 10 horas da noite
bater palmas aos profissionais de saúde?
Por favor, tenham noção do perigo e cumpram
o que está determinado, mas sair não é impeditivo de uma conduta responsável.
Eu saio todos os dias. Ficar em casa
seria mais seguro? Certo que sim. Posso apanhar o vírus? Igualmente certo. Mas
também o posso apanhar nas idas aos supermercados, no dia das eleições quando
for votar ou sempre que estiver com a minha neta que vai todos os dias à escola.
Sejamos responsáveis e não deixemos de fazer o que é essencial para a nossa
saúde física e mental. Um dia isto vai passar e é provável que fiquemos entre
os sobreviventes. Tenham alegria. Saúde é o que desejo.
= Foto de 16-1-2021, passeio
ribeirinho de Vila Franca de Xira a meio da tarde.
sexta-feira, janeiro 15, 2021
CONFINAMENTO, DIA 1
= Resguardem-se o mais que possam, mas não dispensem um passeio higiénico diário.
quarta-feira, janeiro 13, 2021
UMA CAMPANHA SEM ESQUELETOS
terça-feira, janeiro 12, 2021
ADOLFO-MIGUEL, FERNANDO E ÁLVARO - - COISAS DE OUTROS TEMPOS
Adolfo Rocha – que viria a adoptar o pseudónimo MIGUEL TORGA – , enviou um exemplar do livro a Fernando Pessoa. Este agradeceu por carta de 6 de Junho de 1930, dizendo: «Li-o e gostei d´elle. A sua sensibilidade é do typo egual á do José Régio – é confundida, em si mesma, com a intelligencia. O que em si é ainda por aperfeiçoar é o modo de fazer uso d´essa sensibilidade.» Pessoa avança de seguida com considerações sobre o uso da sensibilidade, a inteligência e de como a arte se move no meio de tudo isto.
As considerações não agradaram a Adolfo Rocha que em carta de 9 de Junho responde: «Recebi a sua carta amável e confusa. Venho, portanto, agradecer a gentileza e, ao mesmo tempo, dizer-lhe que reputo de obscuro o seu conceito de poesia.» E acrescenta: «(…) a sua opinião a respeito do meu livro será a mais desinteressante de todas as recebidas…»
Fernando
Pessoa dirá a João Gaspar Simões, por carta de 28 de Junho, que teria escrito à
pressa a opinião sobre A Rampa. Além
de que, na verdade, não foi ele a escrevê-la: «(…) transferi a redacção [da
carta] para o sr. Engº Alvaro de Campos, cujo talento para a concisão em muito
sobreleva ao meu.»
Sempre que o
engenheiro naval por Glasgow era chamado aos assuntos de Fernando Pessoa, a
coisa corria mal. Foi assim com Ofélia Queiroz e as cartas de amor, e também no encontro do Café Montanha com José Régio e Gaspar Simões. O raio do homem
deitava tudo a perder, mas, faça-se-lhe justiça, não o escondia, como se vê nos versos de certo poema: «Todas as horas faço gaffes de civilidade e etiqueta»
e «Tenho feito muitas coisas más, muitas coisas reles, muitas infâmias.» Assim mesmo.
= Citações: 1) Cartas entre Fernando Pessoa e os directores da presença, edição e estudo de Enrico Martines, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1998. 2) Arquivo Pessoa: obra édita, Poesia de Álvaro de Campos.
domingo, janeiro 10, 2021
LA BOHÈME, de GIACOMO PUCCINI
sábado, janeiro 09, 2021
quinta-feira, janeiro 07, 2021
BANDEIRAS DE ÓDIO
Ontem, em Washington, um energúmeno invasor do Capitólio empunhando a bandeira de guerra dos Estados Confederados. Muito revelador do que vai na cabeça dos white supremacists.
Por acaso tenho aqui à mão um livrinho sentimental e de bons sentimentos. Lenda ou não, lembrei-me do que disse Abraham Lincoln à sua autora quando a conheceu no princípio da Guerra Civil: «Então é esta a pequena senhora que deu início a esta grande guerra?»
Grandes guerras ainda a travar, 160 anos depois.