Às
vezes penso que a Casa não existe; que a colina, o largo, as escadinhas que dão
para as ruas de baixo e de cima não existem; que os livros, os quadros e o cinema
são sonho sobre sonho, irrealidade. A Casa é, para mim, um apeadeiro de ilusões,
a pintura inacabada, um poema a escrever, a amiga ou o amigo a quem se dá o
braço.
Observo-lhe
as traves altas, as janelas, as portas que se abrem para fora como nos desenhos
das crianças, e o sonho tem vida. Para lá da ilusão, a Casa existe.
Na
Casa já vi e senti muito:
Ler e ouvir ler.
As mantas com cheiro a cinema naquele espaço
entre dois prédios, um rio de luz correndo na parede oblíqua.
O inconformismo.
As cores da paleta.
Os afectos e as afinidades.
Na
Casa somos maiores e não estamos sós.
Escrito para a CASA DA ACHADA, 11/12/2014
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