“Lotário”, disse
Mandrake, “afinal nada é como parece”.
O africano distendeu
os bíceps como se tal fosse imperativo para ouvir melhor. Veio-lhe um cheiro a
terra e a embondeiros vermelhos, um leão rugiu-lhe numa dobra da alma, a gazela
saltou em fuga, o caudal dum rio barrento bateu-lhe nas têmporas.
Nada é como parece,
anuiu em pensamento, e foi como se sentisse a derrota de tudo o que abandonara:
o seu povo, aquela que poderia ter sido a sua rainha, as noites de luar sentidas
de paliçadas de sonho quando os pássaros nocturnos rasgam de luz o silêncio do
tempo.
“Estão ambos apaixonados,
só que é uma paixão sem saída”, tornou Mandrake. Lotário, porém, já não o ouvia.
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