Xerazade e o Sultão Xariar (1880), do pintor alemão Ferdinand Keller (1842-1922)
Em As Mil e Uma Noites, Xerazade escapou à morte que lhe estava destinada, entretendo o sultão com as histórias maravilhosas que lhe contava e cujos desfechos ele queria conhecer na noite seguinte. No Decameron, de Boccaccio (1313-1375), dez jovens da nobreza, sete do sexo feminino e três do sexo masculino, fogem de Florença, assolada pela peste de 1348, e vão para um castelo no campo onde tomam como recreio e condição de sobrevivência as histórias que durante dez dias vão contando uns aos outros. Em Heptameron, de Margarida de Navarra (1492-1549), é um grupo de nobres, isolado num lugar dos Pirinéus por causa de uma tempestade de neve, que combate a ociosidade e o desalento, entretendo-se, duarante sete dias, com a narrativa de histórias de conteúdo lúdico, instrutivo e moralizador. Em todos os casos, o poder da narrativa no equilíbrio e sobrevivência do homem. Contar ou escrever histórias é bom; ouvi-las ou lê-las é ainda melhor.
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